Uma mistura de crítica e idealização do que foram os anos quarenta na chamada “usina de sonhos”. Tudo isso faz da série “Hollywood”, disponível na Netflix, um programão pros fãs de cinema e pra quem gosta de histórias de superação.
Dividida em sete episódios, a trama acompanha um grupo de aspirantes a um lugar ao sol na meca do cinema. David Corenswet é Jack Costello, jovem que quer se tornar um astro das telas.
Como é casado e vai ser pai de gêmeos, ele precisa se sustentar, enquanto não consegue papeis em filmes. Então arruma um emprego num posto de gasolina.
Só que Jack vai ser um dos frentistas bonitões que trabalham pro gigolô Scotty Bowers, vivido por Dylan McDermott. Entre um abastecimento de tanque e uma troca de óleo, Jack vai ter que fazer a alegria de solitárias endinheiradas. Como Avis Amberg, que calha de ser a mulher do dono de um grande estúdio interpretada por Patti LuPone, figura lendária da Broadway.
Como se a história do cinema desse período estivesse sendo reescrita sob o ponto de vista do que acontece hoje em Hollywood, questões como racismo, representatividade, homofobia e gênero entram no enredo.
Jeremy Pope faz o papel de Archie Coleman, roteirista negro e gay que luta pra ter seu script filmado. Ele vai se tornar o amor da vida de um certo Rock Hudson encarnado por Jake Picking. Já o diretor Raymond Ainsley, personagem de Darren Criss, tem um relacionamento com a atriz iniciante Camille Washington, vivida por Laura Harrier. Ele quer fazer dela a primeira intérprete negra a protagonizar um longa.
A série “Hollywood” mistura personagens fictícios e personalidades reais. Jim Parsons vive o agente Henry Willson, que criou o galã Rock Hudson. E Queen Latifah interpreta Hattie McDaniel, a primeira intérprete negra a receber um Oscar, o de Melhor Atriz Coadjuvante, por “E o Vento Levou.”
O elenco traz talentos de várias gerações em papéis de destaque. O veterano diretor Carl Reiner faz o dono do estúdio, Ace Amberg. Ele vive às turras com o produtor Dick Samuels, personagem de Joe Mantello. Samara Weaving interpreta Claire Wood, que é filha de Ace Amberg, mas tem que lutar como qualquer outra candidata por uma chance de se provar como atriz. E Mira Sorvino vive a estrela Jeanne Crandall, que não conseguiu atingir o brilho que poderia ter alcançado.
“Hollywood” tem como criadores Ian Brennan e Ryan Murphy. Os mesmos de séries como “Glee: Em Busca da Fama” e “Scream Queens”.
Murphy também desenvolveu outra série recente que traz os bastidores turbulentos de Hollywood. “Feud” centra o foco na rivalidade entre Bette Davis e Joan Crawford, durante a produção de “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?”.
A série “Hollywood” é uma ótima brincadeira de metalinguagem entre fatos e invenções. Imagina como seria o mundo se, nos anos quarenta, o preconceito contra os homossexuais fosse combatido como hoje. Mesmo que, naquela época, ser gay fosse considerado crime na Califórnia.
Aquele também era um tempo em que ainda não havia o Movimento Pelos Direitos Civis. Então como uma atriz negra poderia ser cogitada pra estrelar um filme? A série provoca esses questionamentos. Assim como imagina uma mulher realmente empoderada num meio majoritariamente masculino e machista.
A série é uma carta de amor à Hollywood, mas não deixa de mencionar, nas entrelinhas, os tormentos e angústias por trás de tanto glamour e glória. Gostou da dica? Veja essa e outras mais nas redes sociais do Canal Like Oficial.