Casal de vândalos foi filmado depredando Igreja de 1750, no Centro do Rio; assista

A Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores foi erguida pelos comerciantes do Centro do Rio em 1750, numa época em que o Centro Histórico do Rio era basicamente o local onde tudo de importante acontecia no Brasil. A poucos metros do Paço Imperial, o templo católico é considerado uma pérola do estilo rococó e uma das raras igrejas com nave em formato elíptico da cidade, se tornando famoso como símbolo da resiliência do Rio de Janeiro, ao ser atingido por um obus (bala de canhão) disparado pelo encouraçado Aquidabã, em 1893. O projétil não explodiu, mas derrubou do alto da torre sineira da igrejinha uma estátua de pedra em tamanho natural de Nossa Senhora da Fé, que, surpreendentemente, mesmo com a queda de 25 metros só quebrou dois dedinhos. O templo, que é tombado pelo Iphan desde 1937 – foi um dos primeiros bens a serem tombados no país – faz parte de um conjunto tombado nacional, e, após anos fechado, deve reabrir em maio.

A Irmandade dos Mercadores recebeu uma nova diretoria, como parte de um projeto da Arquidiocese que busca recuperar e reativar igrejas históricas, há muito abandonadas, e que pertencem a associações de fiéis, como o caso do templo da rua do Ouvidor 35. Ao tomar posse, o novo comissário da irmandade, Cláudio André de Castro ficou impressionado com a quantidade de pichações e vandalismos sofridos pela Igreja e pelos imóveis no entorno, e promoveu uma investigação, que agora começa a revelar a identidade dos vândalos que destroem, desvalorizam, vandalizam e criminosamente estragam os prédios históricos e monumentos da região. Com exclusividade, o DIÁRIO DO RIO teve acesso a um destes filmes, em que um casal de vândalos é filmado destruindo a fachada do templo de 263 anos. O fato ocorreu no dia 4 de junho de 2022, às 6:03 da noite, um sábado.

No asqueroso vídeo, o homem barbudo de preto destrói a fachada histórica do bem tombado, enquanto a mulher, de casaco azul marinho e blusa rosa, fica de vigia bem na esquina da Travessa do Comércio com a rua do Ouvidor, observando se alguém vem em direção deles enquanto o crime é cometido. A edificação religiosa tem uma enorme frente para a Travessa que começa no Arco do Teles – outro monumento constantemente vandalizado – e sua testada principal para a Ouvidor.

Conforme já explicado pelo advogado criminalista e professor de Direito Penal Carlos Fernando Maggiolo ao DDR, pichações como a do vídeo e também a “do fetiche no Arco do Teles” ferem a Lei nº 13.531, que passou a incluir detenção de, no mínimo, seis meses, para crimes contra o nosso patrimônio histórico. A investigação teria que ficar a cargo da Polícia Federal, tendo em vista tratar-se de bem tombado nacional. O Arco do Teles e a Igreja dos Mercadores são bens tutelados pelo Iphan. A legislação enquadraria também, desde 2017, crimes contra empresas concessionárias de serviço público, como o transporte (Barcas, trem, ônibus e metrô), onde também não é raro flagrar anúncios sexuais pichados em assentos e paredes.  A pena pode chegar a três anos de detenção.

“Assumimos a gestão da Irmandade agora e vamos atuar diretamente para que eventuais vândalos sejam punidos conforme legislação vigente. Estamos prontos a levar todas as filmagens às últimas consequências. Estamos filmando por todos os ângulos, e agora a porca vai torcer o rabo; este bem cultural não está abandonado, e todo o material será fornecido às autoridades“, escreveu Edson Pereira, auxiliar do novo comissário, em resposta ao contato do DIÁRIO.

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