Comerciantes do Centro do Rio criticam construção de espigão no Buraco do Lume

Prefeitura recebeu um ofício de empresários e lojistas contrário à substituição da área verde por um prédio de quitinetes; eles alegam questões históricas e ambientais

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Buraco do Lume - Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

O Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (SindilojasRio) e o Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) enviaram uma carta à Prefeitura carioca se manifestando contra a possível construção de um empreendimento imobiliário na região conhecida como ”Buraco do Lume”, no Centro da capital fluminense. Urbanistas e especialistas em patrimônio têm se pronunciado todos os dias contra o ”espigão”, que criará um grande paredão onde hoje existe uma praça ajardinada.

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De acordo com a coluna do jornalista Ancelmo Gois no site ”O Globo”, no documento, o SindilojasRio e o CDLRio alertam o prefeito Eduardo Paes sobre ”impactos negativos, com prejuízos históricos, culturais, ambientais, urbanos e econômicos que a iniciativa poderia provocar”. Paralelamente, as entidades pedem que ”a área seja preservada, sendo qualquer proposta de mudança amplamente debatida e avaliada”.

Tempos atrás, o próprio Paes havia se pronunciado contra um empreendimento no local, mas fontes internas da Prefeitura do Rio dizem que o ex-secretário Chicão Bulhões defendia a ideia e pode ter convencido o prefeito.

Especialistas também são contra

Situado a cerca de 300 metros do Largo da Carioca, o Buraco do Lume é um terreno retangular composto por aproximadamente 3.000m², sendo atualmente bastante arborizado. Essa, inclusive, é a principal questão para as críticas à possível construção de um empreendimento imobiliário no local.

O arquiteto e urbanista Washington Fajardo, por exemplo, embora seja favorável à exploração residencial do Centro do Rio, afirma que isso precisa ser feito com cautela, ”nunca subtraindo as amenidades ambientais da área”. ”Um grande desafio do Centro é a apropriação do espaço público pela população, que precisa ser cada vez mais organizado, seguro e verde”, complementa.

Sobre o Buraco do Lume, ele afirma que ”é urgente que o Ministério Público analise as questões fundiárias envolvidas nesta faixa de terra, que é um remanescente direto do Morro do Castelo, cujas apropriações do extinto Banco do Estado da Guanabara e posterior venda mal concretizada pela falência do grupo adquirente necessitam de um ‘due diligence’, que é a verificação fina documental e registral, em perspectiva histórica”.

Também arquiteta e urbanista, a secretária municipal de Meio Ambiente e Clima do Rio, Tainá de Paula, corrobora com Fajardo e já se pronunciou contra o uso do terreno para a construção do empreendimento. Para ela, a destinação de parte da praça para um edifício privado não é razoável, especialmente em uma área já densamente ocupada. Tainá defende a requalificação de imóveis e terrenos ociosos, e não a utilização de espaços públicos para fins privados.

William Bittar, colunista do DIÁRIO DO RIO, arquiteto graduado pela FAU-UFRJ e professor, é categórico: ”A descaracterização de uma área tradicional com a inserção de uma torre, independentemente da qualidade de seu partido estético e funcional, é uma violência contra a paisagem. Um ato egoísta para favorecer interesses ou objetivos de poucos, sejam econômicos ou ideológicos”.

Leila Marques, integrante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), afirma que ”a ocupação do Buraco do Lume por um empreendimento privado não atende aos interesses da população, especialmente quando o terreno foi integrado à praça e passou a servir à coletividade”.

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5 COMENTÁRIOS

  1. Vale lembrar que o tal Chicão Bulhões é um dos heróis neoliberalóides recentes que este mesmo diário adoram adular e exaltar.

    E a concessão do saneamento que tanto bateram bumbo?

    Será que depois do aumento de mais de 200% das contas dos imóveis e condomínios que a Sérgio Castro (patrocinador deste Diário) administra, caíram na real ou vão continuar se fazendo de desentendidos e achando tudo uma maravilha?

    Cadê o colunista de chapéu Panamá e charuto na boca que é admirador do “Rio way life” (pobreza de espírito) vai continuar fingindo que falou e fala um monte de bobagens e não vai fazer nenhum mea culpa miserável?

    Olha que não adianta tirar foto em porta de igreja pra entrar no céu, tem que se arrepender verdadeiramente.

  2. Vudu Paes acabando com a história e áreas verdes do Rio tá entregando o Jardim de Alah pra Shoping que ninguém quer, deve tá metendo milhões no bolso e que se dane a cidade do Rio…

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