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Crítica: “Cidade Invisível”, Netflix

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Crítica: “Cidade Invisível”, Netflix

No cinema, na televisão ou na literatura, histórias fantásticas, que recorrem a personagens mágicos, costumam ser uma aposta certeira. Fazem sucesso caindo rapidamente no gosto popular. Sem pensar muito, apenas puxando pela memória, é possível lembrar de “Cavaleiros do Zodíaco”, uma animação japonesa que fez bastante sucesso na extinta TV Manchete, no início dos anos 90, ou da série literária “Percy Jackson e os Olimpianos”, escrita por um professor norte-americano chamado Ricky Riordan. O ponto de intercessão entre esses dois produtos culturais é o fato de que ambos recorrem à mitologia grega como pano de fundo para as suas aventuras. Acontece que os gregos não são os únicos com uma mitologia riquíssima de histórias fantásticas. Aqui, no Brasil, também temos os nossos personagens mágicos.   

Baseada em uma história dos escritores Raphael Draccon e Carolina Munhóz, “Cidade Invisível” é uma série brasileira produzida pela Netflix. O ponto de partida da trama é uma queimada em uma floresta localizada ao lado da Vila Toré, uma comunidade de pescadores, no Rio de Janeiro. De origem aparentemente criminosa, o fogo passa a ser investigado pelo policial ambiental Eric (Marco Pigossi) e sua parceira Márcia (Áurea Maranhão). Só que ele tem uma motivação extra: sua esposa, Gabriela (Julia Konrad), uma antropóloga que lutava para transformar a região em área de proteção ambiental, morreu no incidente. Viúvo e com uma filha pequena, Luna (Manu Dieguez), para criar, à medida que se embrenha na investigação, o protagonista começa a perceber que certas lendas e mitos não são apenas lendas e mitos.

Como quase todas as histórias mitológicas, quando trazidas para um contexto de atualidade, essa trama brasileiríssima estabelece um diálogo direto com questões ou problemas ligados ao cotidiano do público. A natureza fantástica de personagens como o Saci Pererê, por exemplo, serve para discutir a questão da descriminação racial ou por pertencimento a uma determinada camada social. Consequentemente, não é por acaso que alguns desses seres mitológicos vivem, miseravelmente, em uma ocupação na Lapa. Seria possível mostrá-los sem fazer tais conexões com a realidade? Sim, mas aí seria o caso de decidir se o conteúdo final teria um viés infanto-juvenil ou mais adulto. A opção foi pelo viés adulto sem, necessariamente, excluir o espectador infanto-juvenil. As tais conexões tornam tudo bem mais interessante sem serem imprescindíveis para o entendimento geral.           

Os autores da história original, não só por serem os seus criadores, mas também por terem prestado consultoria para a série, possuem muitos méritos em relação ao que assistimos na telinha. No entanto, a idealização e a realização enquanto produto digital-televiso é toda do cineasta carioca Carlos Saldanha. Talvez venha daí, da naturalidade do showrunner (espécie de produtor com amplos poderes criativos e até financeiros) e do fato de que o Rio jamais deixou de ser a vitrine do país, a opção por retratar a trama na Cidade Maravilhosa. Em um primeiro momento, essa escolha soa estranha, já que alguns dos personagens mitológicos mostrados parecem deslocados, longe de seus ambientes naturais. Todavia, com o passar dos capítulos, são sete de, mais ou menos, 35 minutos, essa estranheza se desfaz.            

O enredo policial de “Cidade Invisível” é instigante, prendendo a atenção do princípio ao fim, e sua história fechada. O mistério a ser desvendado se encerra ali mesmo, o que vai agradar àquela parcela do público que não suporta esperar muito para saber o que vai acontecer, mas, por outro lado, deixa um gancho claro para aqueles que adoram uma segunda temporada. Com um protagonista carismático, Pigossi entrega a interpretação de um “herói” humano, falho e, por vezes, fraco; um elenco de apoio afinado que conta com os nomes de Alessandra Negrini, José Dumont e Fábio Lago; e, principalmente, efeitos especiais de qualidade, nossas lendas e mitos nunca estiveram tão bem representados. Desliguem os celulares e boa diversão.       

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