Muito tempo antes de se começar a falar em feminismo, empoderamento da mulher,sororidade, “meu corpo é meu”, já estava lá fazendo tudo isso. Negra, favelada,sofrida, artista inimitável usou a sua voz e o seu talento para denunciar a situação dos desassistido no Brasil. Elza Soares foi tudo isso e mais. É a fábula de como surgiu esse mito, esse arquétipo que está contada em “A Menina do Meio do Mundo – Elza Soares para Crianças”.
Com texto de Pedro Henrique Lopes, direção de Diego Morais, direção musical de Gabriel Quinto e Tony Lucchesi e coreografias de Viviane Santos, o tema principal, com o relacionamento de Elza e sua mãe Rosária, é como uma menina tem seus sonhos, é obrigada a ter uma vida limitada pelos preceitos sociais e como enfrenta os homens. O seu talento, a sua força são os elementos que a levam a alcançar o que deseja.
Essa bela fábula encontra no talentoso elenco formado Merícia Cassiano no papel de Elzinha e Ella Fernandes como Dona Rosária, além de Lucas da Purificação (Alair), Elis Loureiro (Dindi) e Caio Nery (Guri) a medida correta para que não se infatilize a história e ao mesmo tempo permita a fácil compreensão e o engajamento das crianças. Há os elementos básicos da dramaturgia para crianças: o embate, a solidão do personagem principal, seus duplos/auxiliares não humanos.
A utilização das músicas é muito eficiente, pois as letras funcionam como textos e se tornam oportunas para o ritmo da peça. Outro acerto foi a utilização das regras do teatro clássico: unidade do tempo- a ação se passa em 24 horas;unidade de lugar- o cenário da favela e a verossimilhança com os figurinos, o movimento, o cenário que são realistas. As escadas criam os planos e os destaques para ressaltar o significado como na cena do anoitecer.
O talento de Merícia como Elza é fundamental para que de uma história que poderia causar tristeza, tantas as dificuldades que a heróina enfrenta, com os diálogos leves, positivos , se torne um ótimo espetáculo para crianças de todas as idades.
SERVIÇO:
Teatro Clara Nunes:
Sábados e Domingos às 16h