Dia da Padroeira dos Comerciantes será comemorado em Missa com canto lírico e música no Centro

A Festa de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores é uma tradição de 280 anos no Centro do Rio, e volta a ser comemorada com pompa e circunstância na próxima sexta-feira, dia 8 de Setembro, na Igrejinha dos Mercadores, em evento com entrada franca e convocação do Sindilojas em suas redes sociais

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Dom Orani Tempesta na Missa de Reabertura da Igreja da Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores - Foto Daniel Martins/DIÁRIO DO RIO

Muito tem se falado no projeto Reviver Centro – cuja versão mais abrangente foi aprovada hoje na Câmara Municipal – e em todas as iniciativas que tem levado não só os cariocas como os turistas a visitar a região central da cidade, com foco nos seus centros culturais cada vez mais efervescentes, igrejas históricas, edificações notáveis, feiras, bares e restaurantes. Tudo isso tem levado a um gradual renascimento do comércio e da gastronomia na região, ao mesmo passo em que avançam as iniciativas de ordenamento urbano, consideradas necessárias pra um saudável impulso ao comércio e às iniciativas comerciais locais. Mas muitos dos comerciantes que sobreviveram à crise econômica e à pandemia acabam ligando sua resiliência à história da Igrejinha dos Mercadores, que, fechada por muitos anos, foi restaurada e acabou reinaugurada com uma festa a 10 de junho passado.

Evento

No dia 8 de Setembro, próxima sexta-feira, às 12h, a Igreja dos Mercadores comemora a Festa de Nossa Senhora da Lapa, a Padroeira dos Mercadores, santa católica de devoção dos comerciantes. A data festiva será comemorada em grande estilo, segundo o provedor da Irmandade. “Teremos uma missa solene, cantada pela soprano Juliana Sucupira, acompanhada por metais e órgão, aos cuidados do Maestro Marcos Paulo“, explica Claudio André de Castro, empresário do ramo imobiliário e presidente do DIÁRIO DO RIO, que conduz a iniciativa e está à frente da igreja. A festa foi celebrada pela primeira vez há 280 anos, explica Castro, sendo suspensa apenas enquanto a Igreja ficou fechada, e agora a tradição do século XVIII volta, mais caprichada do que nunca. Durante as celebrações deste ano, serão utilizados objetos sacros que fazem parte da história do Rio. A cruz processional, o cálice, as navetas e turíbulos utilizados durante o ritual são relíquias do século XVIII, e serão usados especialmente no dia da padroeira. Será dada uma benção especial aos comerciantes, mascates e mercadores, e será apresentada a Medalha dos Mercadores, que foi cunhada com a imagem da santa especialmente para a festa, e poderá ser adquirida na ocasião.

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As medalhinhas de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, Padroeira dos Comerciantes, foram cunhadas pela Irmandade dos Mercadores especialmente para a festa neste dia 8/9. Cada medalha será vendida por R$ 15,00 na secretaria da igreja, e traz a figura da Virgem Maria e da menina pastora que, segundo a tradição, encontrou a imagem da Virgem da Lapa numa gruta, e voltou a enxergar

Padroeira dos Comerciantes

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“Depois de tudo que passamos aqui, a pandemia, o abandono do Centro da Cidade, aa crise, a obra do VLT, se estamos de portas abertas e prontos pra outra só pode ser por conta de uma força superior. É sério; e justo no momento em que tudo começa a voltar ao normal a Igreja dos Mercadores é reaberta? Nem bala de canhão derrubou a Igrejinha, e isso tudo não é coincidência“, brinca Maria Izabel Castro, comerciante do ramo de materiais de construção e presidente do Conselho de Renovação do Centro da Cidade da Associação Comercial do Rio de Janeiro, que tem freqüentado as celebrações do templo católico construído em 1750 em devoção à Virgem da Lapa, uma devoção portuguesa trazida para o Rio de Janeiro por comerciantes no início do século XVIII. Estes comerciantes se juntaram e construíram o templo que fica na esquina da Rua do Ouvidor com a Travessa do Comércio, a ruazinha do Arco do Teles, que pertence até hoje à Irmandade de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, considerada “Padroeira dos Comerciantes” por conta deste histórico.

Reza uma lenda famosa no Centro que um comércio novo que abre na cidade só dá certo mesmo se tiver a bênção da Senhora dos Mercadoresque até 1750 ficava num oratório na rua do Ouvidor, e agora fica no altar da Igreja“, disse ao DIÁRIO  Wagner Victer, ex-presidente da CEDAE e ex-secretário de Estado, confessando que muitos dos sucessos da sua gestão à frente da companhia, à época, foram frutos de pedidos à antiga devoção católica portuguesa. “Na verdade, as bênçãos aos comércios são extremamente requisitadas, pois a devoção à Nossa Senhora da Lapa nasceu entre mascates e comerciantes mesmo. Por isso muitos comerciantes têm nos visitado desde a reabertura e pedido as bênçãos, e querem comprar as medalhinhas“, diz o Padre Victor Hugo, que tem rezado Missas quase todos os dias na Irmandade e compôs especialmente para este ano uma poética oração, feita com paralelos teológicos marianos. O que se sabe com certeza mesmo é que a imensa imagem de mármore que foi atingida por uma bala de canhão na revolução de 1893 caiu de uma altura de 25m e sofreu danos mínimos. Porém, a história de proteção aos comerciantes parece estar funcionando novamente; e reverberando.

O Centro da Cidade tem uma riqueza cultural ímpar; sua arquitetura religiosa é considerada da melhor qualidade. Assim, este movimento trazido pela reativação da igreja é importante para a região, pois traz turistas, reaviva o comércio, traz segurança e moradores. Isso só prova como as iniciativas da prefeitura de revitalizar o Centro são acertadas e estão gerando o efeito desejado. Tudo que fomente a região e chame atenção pra suas qualidades é muito bom”, frisa o Subprefeito do Centro, Alberto Szafran. O Sindilojas anunciou em suas redes sociais a Festa da Senhora dos Mercadores, contando a história da construção, como que convocando todos os lojistas para a Missa, que vai começar pontualmente às 12h, com procissão e muito incenso. Depois da missa, será feita uma cerimônia chamada pelos católicos de Adoração, com exposição do Santíssimo (a hóstia dentro de um ostensório), cantos eucarísticos e mais música erudita católica. Em toda a celebração, algumas pérolas da música cristã serão ouvidas na voz lírica de Juliana Sucupira, como Magnificat, Ave Maria de Gounod, Te Deum (na melodia de Pompa e Circunstância), Nitida Stella e Aleluia de S. Augustin.

A cerimônia promete reunir aficcionados pelo Centro da Cidade e pelo patrimônio histórico, além dos católicos e comerciantes em geral, A igreja é tombada pelo Iphan desde 1937, e foi totalmente restaurada em tempo recorde: “fizemos obra na Igreja, e não de Igreja”, diz o comissário, nomeado por Dom Orani responsável pela Irmandade, que é uma Associação de Fiéis. Toda a animação em torno da reativação do imóvel histórico e da retomada de seus serviços religiosos, missas e casamentos, tem contagiado a região, e as outras igrejas também. Uma grande festa será celebrada dia 14 de setembro, para comemorar os 400 anos da vizinha Santa Cruz dos Militares, e a Igreja de São José, mais adiante, passou a abrir aos sábados.

A Festa de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores terá entrada franca, e ocorrerá a partir de meio dia da sexta-feira.

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As Missas da Igreja da Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores tem estado lotadas nos sábados e domingos – Foto Daniel Martins/DIÁRIO DO RIO

Sábados e Domingos na Lapa dos Mercadores

As celebrações de sábado e domingo têm enchido a igreja, todos os fins de semana. A igreja tem estado cheia de pessoas interessadas em apreciar a beleza de sua nave, o magnífico átrio onde estão expostos a bala de canhão e a imagem que caiu, bem como suas históricas imagens em madeira do século XVIII. O templo tem recebido centenas de pessoas a cada fim de semana também para participar da celebração eucarística. As missas, conduzidas pelos padres Victor Hugo e Vítor Pereira, são rezadas em latim e sempre acompanhadas por um coral e uma grande orquestra, o que ocorrerá novamente nos dias 8 e 9. A orquestra inclui instrumentos de metal e um órgão – o instrumento da igreja é de 1873 e foi completamente restaurado. De acordo com o padre Vitor, “as nossas missas de sábado, por serem ao meio-dia, já cumprem o preceito católico de ir à missa todos os domingos”, o que permite que os católicos mais devotos cumpram sua obrigação religiosa e ainda tenham tempo para viajar ou desfrutar do domingo na praia ou nos centros culturais da região. A irmandade tem decorado o templo diariamente com flores naturais, criando sempre uma atmosfera semelhante à de um casamento.

Após a conclusão de cada missa de meio-dia, uma pequena multidão sai da igreja ansiosa para desfrutar de um almoço nos restaurantes ao redor. O Bar Sampaio, anteriormente conhecido como Casual, localizado bem em frente à Igreja, tem estado bastante movimentado. Reconhecido pelo churrasco misto com linguiça toscana finamente cortada, feijoada e cerveja gelada, o estabelecimento pertencente ao casal Dora Fontenelle e Sidney Bezerra tem atraído uma grande porção dos novos fiéis da Igreja dos Mercadores, que, após cumprir seu dever católico de assistir à missa, estão prontos para celebrar o fim de semana. “A reabertura da igreja trouxe um novo ânimo para este local, que vinha sendo um pouco negligenciado. Não posso duvidar da lenda. Para nós, tem sido uma bênção e temos tido lotação nos finais de semana, sem mencionar o aumento do movimento diário”, afirma a proprietária. Dora não está sozinha nessa opinião. Renan Ferreira, proprietário do renomado restaurante Capitu, um dos maiores da região, ecoa o mesmo sentimento. “Isso tem atraído um público considerável, composto tanto por fiéis quanto por turistas, e estamos observando um aumento na demanda“, declara. Em verdade, é digno de nota que há mais de uma década, não se via o Arco do Teles ocupado por mesas de madeira e pessoas desfrutando de suas refeições durante um fim de semana.

Café da Manhã terminando na Igreja, com passeio guiado, Missa, Coral e Grande Orquestra

Uma experiência culinária matinal singular, combinada a uma viagem no tempo até o século XIX, completa com aromas, sabores, música e uma rica narrativa histórica. Essa é a proposta inovadora oferecida pelo restaurante Sobrado da Cidade para todas as manhãs de sábado e domingo. O estabelecimento está situado em um imponente casarão dos anos 1800, composto por três andares e ornamentado com uma fachada azulejada à moda portuguesa. Seu interior apresenta uma decoração considerada uma das mais requintadas do Centro Histórico, numa área que está gradativamente sendo reconhecida como Pequena Lisboa.

O casarão na Rua do Rosário sempre desempenhou um papel crucial no que diz respeito à história e cultura, desde a escolha do prédio com suas paredes de pedra e revestimento de óleo de baleia, até os minuciosos detalhes do espaço, como uma linha do tempo que narra a trajetória do imóvel e seu primeiro proprietário, um barão da época imperial. Os proprietários contrataram uma pesquisadora especializada em gastronomia histórica e realizaram um extenso estudo culinário, recuperando receitas do século XIX que eram apreciadas pelos brasileiros da época. O resultado é um cardápio distinto e exclusivo, projetado para ser degustado durante a primeira refeição do dia. É uma oportunidade para aqueles que desejam não apenas saborear, mas também aprender mais sobre o Rio Antigo, os costumes da época e a rotina dos cariocas daquele momento histórico. Essa refeição é servida em louças e utensílios de prata antigos, com um serviço que reflete aquele tempo.

A refeição – um café da manhã reforçado, conforme ressaltado pelo restaurante – tem duração de uma hora e meia. Contudo, a imersão na história não se encerra aí. Após se deliciar em um ambiente encantador e climatizado, sendo atendido por garçons e garçonetes vestidos com trajes de época, chega o momento de absorver conhecimento sobre a região da Praça XV, também conhecida como Largo do Paço. Logo após a refeição, um passeio de uma hora pela área, que tem experimentado melhorias significativas nos índices de segurança. Esse passeio é conduzido por guia de turismo especializado, que detalha minuciosamente a cultura e a história locais. Afinal, foi nesse espaço que o Rio de Janeiro ascendeu como a Capital do Império Português; onde o Imperador declarou sua permanência; e onde a nação brasileira nasceu em sua configuração atual, com todas as suas realizações e desafios. O restaurante encontra-se nas proximidades do histórico Arco do Teles, do Paço Imperial e de todos os Centros Culturais da Região, tais como o dos Correios, o da Marinha, o do Banco do Brasil e o Convento do Carmo, e a poucos metros da Igrejinha que comemora sua festa esta sexta.

A missa histórica, embalada por composições de artistas como Handel, proporcionará uma experiência de tranquilidade e contemplação aos comensais, bem como aos frequentadores da igreja, que permanece aberta ao público. Essa experiência imergirá todos na atmosfera de paz e reflexão, envolta pelo enriquecedor aroma de incenso proveniente dos antigos turíbulos de prata, que foram utilizados por mercadores da região na construção árdua e trabalhosa da igrejinha cujo estatuto foi sancionado por Dom Pedro II. A experiência ocorre todos os sábados e domingos das 9:30 da manhã até as 13:30, e para participar é preciso reservar lugar; mais informações aqui.

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