Nesta quarta-feira, dia 1º de janeiro, às 12h15, a Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores realiza a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, para iniciar 2025 com um “espírito novo” e de preparação para a abertura do Ano Jubilar da Igreja Católica – que ocorre a cada 25 anos. A celebração será presidida pelo Bispo Dom Jeremias de Jesus, e contará com muitos coroinhas, procissão de entrada, incenso, objetos sacros históricos, polifonia sacra e liturgia bem cuidada, características da histórica Irmandade de comerciantes da rua do Ouvidor.
A irmandade de mercadores, lojistas e empresários celebra também o renascimento do comércio do Centro do Rio de Janeiro, principalmente na região da Praça XV, apelidada de ‘pequena Lisboa’, que floresceu depois da reabertura da capelinha que ficou fechada de 2020 a 2023. O local passou a fervilhar com bares, restaurantes e novos centros culturais, também no esteio do projeto Reviver Centro. Numa surpreendente mudança, a região que era deserta aos finais de semana agora vem lotando com sua forte gastronomia e entretenimento.
“A Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus nos convida a guardar e honrar a Palavra, assim como a nos prepararmos para receber em nossos corações as mensagens que Cristo tem para nos passar ao longo do próximo ano”, explica o Provedor da Irmandade, Dr. Cláudio André, conhecido por um vídeo que fez no mês passado sobre a história da igrejinha, que acabou viralizando. Será também uma oportunidade de receber a bênção do Santíssimo Sacramento pela primeira vez no ano, ao final da Missa. Será usado um ostensório do século XVIII, ornamentado com minas novas e prata de lei.
A celebração contará com o acompanhamento do Coral e Orquestra Astorga, da famosa cantora soprano Juliana Sucupira, que tanto embeleza e enaltece as liturgias presididas na Igrejinha da Rua do Ouvidor, 35, onde todos os sábados e domingos, num evento que já entrou para o calendário turístico e religioso da cidade, são celebradas Missas Solenes com Coral e Orquestra. Ao badalar dos sinos – recém restaurados – que anunciam o final de cada celebração, o samba começa a tocar em toda a rua do Ouvidor.
A Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, transcorrerá em grande estilo, utilizando a melhor prataria sacra da Irmandade, do século XVIII, inclusive as relíquias desaparecidas que foram recuperadas em recente ação da Polícia Federal, que tem, junto com o Iphan e a Provedoria da Irmandade, investigado o desaparecimento de peças da igreja nos anos 1980: todo o acervo desaparecido foi fartamente fotografado e é tombado.
A programação da Igreja aos sábados e domingos, durante o período das festas de fim do ano, transcorrerá normalmente, com as celebrações das Missas Solenes, com coral e orquestra, sendo realizadas ao meio-dia. Depois da Missa, a exposição museológica que conta a história da igrejinha construída em 1743 e a bala de canhão que atingiu a igreja na revolta de 1893 são atrações à parte, além do famoso quadro “Sodoma e Gomorra”, do artista inglês John Martin, falecido em 1834, em exposição. A igreja da Padroeira dos Comerciantes do Rio não abrirá no dia 31, mas dia primeiro promete ficar lotada com fiéis pedindo a Nossa Senhora para que interceda por um ano bom.
Papa Francisco abre a “Porta Santa” da Basílica de São Pedro
Na última noite de Natal, o Papa Francisco deu início ao Jubileu Ordinário de 2025, ao abrir a “Porta Santa” da Basílica de São Pedro, no Vaticano. O ritual acontece a cada 25 anos, quando a Igreja celebra um Jubileu Ordinário em honra do Mistério da Encarnação – presença humana e divina de Jesus Cristo no mundo. A tradição, que remonta ao ano de 1300, por iniciativa da espiritualidade popular, acabou sendo incorporada aos ritos oficiais da Santa Igreja há 725 anos.
As celebrações dos jubileus têm origem bíblica; Livro do Êxodo, no qual está prescrito que, a cada 50 anos, o sonho de ter uma terra para construir uma coletividade baseada na fé e na caridade deveria ser cultivado por todos os cristãos. O Ano Jubilar reafirma o dever dos cristãos de construir uma sociedade com base no amor a Deus e ao próximo. Todas as mudanças, nesse sentido, representam uma extrema alegria, um verdadeiro júbilo para os ideais de Jesus Cristo e da Igreja Católica.
Para o atual Ano Jubilar, o Santo Padre escolheu como tema: Peregrinos de Esperança, uma vez que no coração de cada pessoa há sempre uma expectativa e um desejo profundo pelo bem. Na Bula de proclamação do Jubileu, o Papa Francisco explica que, quando olhamos para o mundo nos defrontamos com uma realidade complexa e conflituosa, que nos leva a sentimentos contrapostos: “desde a confiança até o medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida […] há pessoas desanimadas que olham para o futuro com ceticismo e pessimismo, como se nada lhes pudesse proporcionar felicidade”, disse Francisco, acrescentando, a partir da Carta ao Romanos 5,1-2.5, que “a esperança não decepciona”, pois “nasce do amor e funda-se no amor que brota do coração de Jesus trespassado na Cruz”, completou o Sumo Pontífice, na Bula.
Solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus
Primeira festa mariana, a Solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus surgiu na Igreja Ocidental, para substituir o costume pagão, que se contrapunha às celebrações cristãs. A fé no dogma da concepção virginal de Maria, por meio da qual aquele que, desde sempre, era o Verbo Eterno de Deus, deu origem ao título da celebração, também em contraposição ao paganismo.
O dogma foi discutido os Concílios de Nicéia, em 325; e de de Constantinopla, 381, os quais se dedicaram a responder o mistério da consubstancialidade de Deus uno e trino: Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Sobre esse mistério, o bispo Santo Atanásio afirmou, no século IV: “A natureza que Jesus Cristo recebeu de Maria era uma natureza humana. Segundo a divina Escritura, o corpo do Senhor era um corpo verdadeiro, porque era um corpo idêntico ao nosso”.
Isso, faz de Maria irmã da humanidade, por sermos todos desdentes de Adão, não invalidando, portanto, a Divindade de Jesus Cristo, e sem corromper a Trindade Santa. Dessa forma, a Igreja proclama um único Deus no Pai e no Verbo, com a Santíssima Virgem sendo aclamada a Mãe de Deus.
Em 431, no terceiro Concílio Ecumênico, Maria Santíssima foi proclamada Mãe de Deus, em grego, Theotókos. Trata-se de um título não explícito nos textos dos evangelistas, os quais afirmam “a Mãe de Jesus” e “Ele é Deus” (Jo 20,28; cf. 5,18; 10,30.33); sendo Maria, em todo caso, apresentada como Mãe do Emanuel, que significa Deus conosco (cf. Mt 1,22-23).
No Concílio de Éfeso, em 431, Igreja, ao proclamar Maria “Mãe de Deus, professa a sua fé no Filho e na Mãe, dando origem à união sagrada. Com a maternidade divina de Maria, os sacerdotes evidenciavam a fé na divindade de Cristo. Desde então, cristãos de todo o mundo honram a maternidade sagrada de Maria, reverenciando-a como a Virgem Santa, Mãe de Deus.
Serviço:
Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus
Missa Solene com Coral e Orquestra
Quarta-feira, 1º de Janeiro, 12:15
Celebrante: Bispo Dom Jeremias de Jesus
Rua do Ouvidor, 35
Estacionamento próximo: Menezes Côrtes, Prédio da Bolsa de Valores, Atrás do CCBB