Edifício Mesbla, no Centro, é finalmente vendido e vai ser residencial

A edificação foi vendida por 21,7 milhões e foi licenciada pelo Reviver Centro para ter 122 apartamentos e duas unidades comerciais, somando 15,5 mil m² de área total construída

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Durante gerações, o relógio art déco de cem metros de altura, do lendário Edifício Mesbla foi uma atração a qual não se poderia deixar de observar com curiosidade e uma certa reverência ao passar pelo Aterro do Flamengo. Era uma das marcas registradas do Centro Rio de Janeiro, em frente ao lindo Passeio Público. Lá funcionou a loja de departamentos mais emblemática da história brasileira.

O prédio – que se subdivide em dois, o 42 e o 56 – um marco arquitetônico fluminense, foi colocado à venda pela administradora imobiliária São Carlos, do trio Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. O edifício fora comprado em 2003 do antigo Banco de Crédito Nacional – incorporado ao Bradesco, que se tornara proprietário após a quebra da Mesbla. Agora, o prédio 56, com suas varandas e linda vista para o Aterro e para o Mar, foi vendido.

A edificação – exceto a imensa loja – que fica na frente do Passeio Público, na Cinelândia, passará de corporativa para residencial pelas mãos dos seus futuros proprietários, através do programa Reviver Centro, retomando, assim, à sua vocação original. O número 42 ainda permanece corporativo e está quase que totalmente ocupado por grandes empresas.

Com projeto do francês Henri Sajous, o mesmo arquiteto do elegante Biarritz, da Praia do Flamengo, na Zona Sul; o antigo Mesbla foi desenhado há 91 anos para ser um prédio residencial, em cima do imenso magazine.

Apesar do mistério da São Carlos sobre o comprador da edificação, o jornal O Globo informa que se trata da incorporadora Inti Empreendimentos, que atua mais na Zona Sul da cidade.

Em conversa com o veículo, o sócio-diretor da incorporadora, Andre Kiffer, confirmou a transação, acrescentando que, em abril, o residencial deve ser lançado, com Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em R$ 120 milhões depois do o retrofit. O prédio é tombado.

Com a venda, a São Carlos deve embolsar R$ 21,7 milhões, além de receber 30% do potencial construtivo em bairros valorizados da capital, conforme as contrapartidas previstas no Reviver Centro, que serviram pra alavancar as transformações de uso na região central. O objetivo da empresa é comercializar esse potencial no mercado.

Rebatizado como Passeio 56, o antigo Edifício Mesbla teve a sua conversão para residencial aprovada pelo Reviver Centro com um projeto preparado pela São Carlos, em 2023. O imóvel é tutelado pelo Instituto ario Patrimônio da Humanidade, da Prefeitura.

Na ocasião, a companhia já procurava um comprador para o prédio. Inicialmente, segundo fontes do mercado, a pedida era de 60 milhões de reais. Agora vendido, com a licença emitida, permite-se a criação de 122 apartamentos e duas unidades comerciais, somando 15,5 mil m² de área total construída (ATC).

Em entrevista ao jornal O Globo, o CEO da São Carlos, Gustavo Mascarenhas, ressaltou que a presença de elementos, como a sacada, representa um elemento arquitetural para a conversão em prédio de apartamentos.  

“Como, na origem, o prédio foi residencial, tendo inclusive elementos como sacada em sua arquitetura, ele tem um “fit” perfeito para esse movimento de novos residenciais no Centro do Rio. Temos visto o sucesso de projetos de moradias na região; é uma transação que gera lucro para o novo balanço e, ao levar mais fluxo à região, favorece nosso portfólio corporativo no Centro”, pontuou o executivo.

O Passeio 56 contava com apenas 16% da sua área ocupada. Os atuais inquilinos serão remanejados para o edifício ao lado, o Passeio 42, que integra o portfólio da São Carlos cuja ocupação atingirá quase 90% das salas com a mudança.

“Com essa transação, ficaremos ainda com oito prédios no Centro do Rio. Em mais dois ou três deles enxergamos potencial de venda para futuro residencial. Alguns já estão com projetos aprovados, e vamos buscar potenciais compradores”, completou Gustavo Mascarenhas.

Com o empreendimento, a carteira carioca da São Carlos inclui imóveis, como o Centro Empresarial Visconde de Ouro Preto, na Praia de Botafogo; o Centro Administrativo Cidade Nova; o antigo Edifício Generalli, na esquina de Rio Branco com Sete de Setembro e o City Tower (antiga sede do Citibank), em frente ao Largo da Carioca.

Já a loja, que ocupa o térreo dos dois prédios, continuará sendo de propriedade da São Carlos. No local funcionou a saudosa Mesbla, de 1950 até 1999. No alto do edifício, o letreiro luminoso com nome da loja de departamentos habitou o horizonte carioca.

Após o fechamento da Mesbla, entrou uma gigante do varejo como locatária: a Americanas, controlada pelos mesmos donos da São Carlos, e que desocupou o imóvel em 2023, quando estourou a crise que derrubou a tradicional marca popular.

Após o Reviver Centro, a região se tornou a queridinha de moradores e investidores graças aos projetos tipo “estúdio” que passaram a ser oferecidos e facilidades, como proximidade ao metrô e ao Santos Dumont. Desde 2021, o programa municipal concedeu 42 licenças para a região central da cidade, a maioria para retrofits.

Um dos exemplos é a Brookfield, gestora canadense que vai revitalizar o Edifício Glória, na Cinelândia, e colocar as unidades residenciais para locação. A empresa comprou ainda 97% dos apartamentos do futuro residencial, que funcionará no antigo Edifício A Noite, na zona portuária, cujo retrofit está a cargo da Azo.

Nas proximidades está o Casa Mauá, lançado pelo Opportunity no fim de 2023, onde funcionava o Hotel São Francisco, da Rede Atlântico de Hotéis.

Na Pedra do Sal, a redação de um dos jornais de Assis Chateaubriand foi retrofitada pela construtora CTV e pela gestora Pilar Capital. As empresas pretendem fazer o mesmo com a antiga sede da Companhia Docas no Rio, na Rua Acre, que acabam de comprar.?

A São Carlos

Atualmente, a empresa é avaliada em quase R$ 1 bilhão na Bolsa. Nos últimos anos, a São Carlos tem realizado diversas transações para reduzir a alavancagem do seu balanço.

No fim de 2023, a empresa vendeu de uma vez quatro prédios no Rio e em São Paulo. As transações somaram R$ 865 milhões. Entre as vendas estavam o Centro Empresarial Botafogo (CEB), na Zona Sul do Rio; e a Morumbi Office Tower (MOT).

“Aquela transação foi transformadora. Agora temos um balanço saudável e o que buscamos com eventuais operações é o retorno financeiro. No caso do Centro do Rio, ainda não estamos avaliando novas aquisições; estamos focados em melhorar a operação do portfólio e vender ativos que gerem valor para nossa carteira na região”, explicou Gustavo Mascarenhas.

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11 COMENTÁRIOS

  1. Espero que a antiga loja da Mesbla e Americanas torne-se um bom supermercado, pois não adianta construir ou retrofitar edifícios para torná-los residenciais se os moradores do Castelo e arredores continuarem a ser obrigados a fazer suas compras no Catete, Largo do Machado ou Bairro de Fátima!
    Enquanto no Catete e Fátima os supermercados proliferam uns ao lado de outros, fazendo concorrência aos vizinhos já existentes, os moradores do Castelo continuam completamente esquecidos pelas grandes redes.

    • Sua sugestão é pertinente mas operacionalmente falando não é tão simples! As lojas são bem grandes e funcionar para atender 122 apartamentos não parece ser viável! E quanto aos sábados e domingos que o Centro é morto? Mesmo se você pegar o Hub Co Living na Marrecas 11, o Send na Senador Dantas 84 mais o Edifício Glória na Praça Floriano 31 ainda não são suficientes para um supermercado manter uma loja ali! Não podemos esquecer que ainda existem alguns prédios mistos na própria Evaristo da Veiga e na Av. Beira Mar onde também existe um projeto em andamento que é o Gates Santos Dumont All Suites By Yoo já em frente à sede da OAB e ao próprio aeroporto! Mas voltando à Mesbla, para mim as duas lojas deveriam ser subdivididas para abrigar um supermercado sim mas em área reduzida ao lado de cafés, restaurantes ou afins! Colado aos prédios da antiga Mesbla ainda existe o antigo Cine Palácio, atualmente Teatro Riachuelo! Aquele corredor viveria dias de glória e vida!

  2. Impressionante, mas para todo lugar que se olha, vê-se a atuação desses três. Onde NÃO tem dinheiro desses caras? Podemos ter alguma esperança assim? Será que o próximo passo deles é serem donos do ar que respiramos?

      • Para desgraça sua. Ficar sem energia elétrica, sem abastecimento adequado de água, sem poder circular pelas ruas com segurança, sofrer com aumentos constantes de preços de alimentos, de aluguel e de cuidados médicos, tudo isso enquanto um grupinho reduzidíssimo fica cada dia mais rico, é motivo para essa gargalhada? O caos atual é culpa da falta de inteligência e senso crítico da maioria, na qual você está incluído.

        • Sentiu é? Baboseira em estado da arte! Aqui nem dá para você mandar áudio chorando kkkk Que pena! kkk Volta para o buraquinho de onde você fugiu que já estarás fazendo muito! kkk Ah, e antes que eu me esqueça: enquanto você postava sua baboseira em estado da arte os três faturaram mais algum cascalho que você jamais sonhará em ter kkk

  3. Agora só fazem caixas de fósforo para moradia ou aluguel, tipo airbnb, esse projeto Reviver Centro logo se transformará numa bolha e o que veremos serão apartamentos vazios, sem moradia e sem uso. Não há interesse que se tenha famílias morando e ocupando o Centro do Rio de Janeiro, quem é que vai morar em “estúdio” de 30mt2? Vergonhoso esse incentivo do poder público no que poderia ser um grande projeto de moradia e ocupação do Centro, que é tão abandonado…

    • Como você mesmo falou, eles preferem transformar em “studio” , pois para eles é viável do que construir um apto de 100m², sendo que aptos pequenos são mais rápidos de serem vendidos, como aconteceu em alguns retrofits e quem compra nesta localidade é mais para investir em aluguel por temporada.

  4. Esse não é um jornal, é um tablóide cujo conteúdo serve para comunicar ofertas e promoções aos consumidores. A informação mais significativa da matéria mostra que os controladores majoritários da caloteira AMERICANAS continuam enchendo a burra de dinheiro impunemente apesar das dívidas gigantescas com fornecedores e funcionários.

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