Petrópolis sofre com uma situação que de tragédia não tem nada. Só se for tragédia anunciada. Embora saibamos que as mudanças climáticas, provocadas por ações dos seres humanos ao longo dos séculos, vão gerar episódios parecidos, como fortes chuvas, a histórica falta de planejamento urbano das nossas cidades é o principal causador de tantas mortes. Planejamento que deve ser feito, sobretudo, pelo Poder Público. Falando em Poder Público, em meio à catástrofe, o governador Cláudio Castro (PL) pediu a demissão de um comentarista da CBN que o criticou, decidiu entrar em briga eleitoral com um opositor político e abraçou de vez o bolsonarismo. Ergueu um palanque sobre a lama.
Na última semana, o comentarista Sérgio Abranches, da Rádio CBN, fez críticas ao governador Cláudio Castro sobre as ações do governo em Petrópolis. Castro, em um ato extremamente antidemocrático, ligou para a rádio e pediu, por duas vezes, a demissão do analista político.
Na mesma semana, o governador do estado do Rio de Janeiro entrou em uma discussão virtual com Marcelo Freixo (PSB) após críticas do deputado e pré-candidato ao governo do RJ. Castro chamou Freixo de oportunista por começar um debate naquele momento, mas ele render o assunto não seria também usar o cenário da tragédia como palanque, uma vez que o país inteiro olha, comovido, para o Rio neste momento?
As situações citadas aconteceram enquanto, como mostramos no DIÁRIO DO RIO, bombeiros do estado do Rio de Janeiro estavam sem equipamentos básicos, como pás, para trabalhar na lama que tomou conta de Petrópolis após as fortes chuvas somadas à falta de planejamento urbano. Isso sem contar que, inicialmente, Castro disse que não precisava da ajuda de outros estados, como São Paulo, governado por um dos – tantos – desafetos políticos de Jair Bolsonaro (PL): João Dória (PSDB). Sinalizando para o apoio eleitoral do presidente da República, que não costuma ser muito fiel politicamente, a não ser aos filhos e aliados bem próximos. Bem próximos mesmo.
A tentativa de afinidade de Cláudio Castro com Jair Bolsonaro foi tanta nos últimos dias que o então vacilante governador passou até a usar as mesmas frases que o presidente nos pronunciamentos em Petrópolis: “Cenário de guerra”, repetiram. E é mesmo.
Parece que a campanha começou para algumas pessoas. Pena que em péssima hora.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.
Não adiantou a “catástrofe do século” em 2011 na serra nem essa agora nem nenhuma no futuro, não existe santo nem força nenhuma no universo que faça um governador ou prefeito falar dos problemas mais óbvios: obras de retenção de encostas, política de ocupação do território e encostas, luta contra ocupação ilegal do território e encostas, saneamento básico, etc..
Ufa, por causa do teu texto – que tá certíssimo – mudei de idéia. Tinha decidido, triste da vida mas enojada, jogar este jornal no lixo, porque chega a dar indigestão a impressão forte de puxasaquice descarada pra cima do Claudio Castro, que consegue a façanha de ser tão ou mais picareta do que o outro bolsonarista raiz, o Crivela. Por favor avisa lá: segura a onda aí, Diario do Rio, que tá ficando feio parecer jornal de tiozão bolsofascista. Nós aqui, mulheres, mães, pensadoras, queremos dar um toque que tá dando nojo a defesa burra, intransigente e inadmissivel que o DR vem fazendo, sistematicamente, da porcaria de governo Claudio Castro. Meu Rio não guenta mais esta cara de pau, viu? Se o jornal está levando uma lasquinha de rachadinha pra defender o sempre indefensável, assumam logo que é escritório de campanha de fascista e mentiroso. Que daí a gente que batalha e pensa vai procurar um jornal de caráter, e que nos dê notícias relevantes, sem insultar a nossa inteligência pintando um Claudio Castro do Bem – que NÃO EXISTE.
Quanta bobagem… talvez ele seja alinhado a luladrão
Parabéns, Felipe. É exatamente isso.