A cidade do Rio de Janeiro é indiscutivelmente linda. Qualquer ponto que se possa ver a Maravilhosa com mais detalhes deve ser exaltado. Agora, imaginem a vista de um prédio que por muito tempo foi o maior mirante carioca? Essa é uma das características históricas do Edifício Joseph Gire, mais conhecido como A Noite.

Inaugurado em 1929, o edifício foi levantado numa das extremidades da Avenida Rio Branco, na altura da Praça Mauá, próximo ao Porto do Rio. O local havia sido ocupado anteriormente pelo Liceu Literário Português, instituição de ensino fundada por portugueses, que à época mudou para o Largo da Carioca, onde se encontra até hoje.

A construção, iniciada em 1927, foi um projeto do arquiteto francês Joseph Gire – também responsável pelo Hotel Copacabana Palace – e do brasileiro Elisário Bahiana. Durante a obra foi utilizada a nova tecnologia do concreto armado, dando grande impulso à engenharia praticada no Brasil daquele período.

A estrutura de 22 andares e uma altura de 102 metros – o que corresponde a 30 andares de um edifício atual – foi calculada por Emílio Henrique Baumgart, engenheiro que posteriormente se tornou responsável pelo Ministério da Educação e Cultura. Até os anos 1930, foi considerado o prédio mais alto da América Latina, até ser ultrapassado pelo Martinelli, que fica em São Paulo e foi inaugurado em 1934.

A histórica fachada do A Noite e as áreas internas revelam as influências do estilo art deco. Entretanto, após algumas reformas internas, o interior do prédio foi um pouco descaracterizado.

Inicialmente, o edifício foi sede do jornal “A Noite“, que em tempos bem anteriores a internet fazia a função de noticiar o que acontecia no final dos dias. Devido à força do nome do veículo de comunicação, o nome original da construção caiu em desuso.
Uma das características mais marcantes do A Noite era o que se podia ver de seu terraço ou de andares mais altos. O prédio servia de mirante, pois oferecia uma vista privilegiada da cidade quase toda e da Baía da Guanabara.

Além do que se via, o que se ouvia também marcou. No fim da década de 1930, mais precisamente em 1937, já sem o jornal o A Noite, sediou a Rádio Nacional, que vivia a era de ouro do rádio com seus programas de auditório e novelas de rádio. Por lá passaram cantores como Sílvio Caldas, Francisco Alves e Orlando Silva, entre outros.

Até o ano de 2012, o prédio foi sede da simbólica Rádio Nacional, que então se mudou para o espaço da Empresa Brasil de Comunicação EBC, na Gomes Freire, na Lapa. Em 2013, o edifício foi tombado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), recebendo o reconhecimento coincidente com sua altura e tamanha importância. O A Noite também foi sede do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
“O edifício A Noite é de extrema importância para a cidade do Rio de Janeiro. Foi depois da construção dele (que se aproximava dos modelos de arranha-céus norte-americanos como os que compunham a paisagem de Chicago) que começou o processo de verticalização do Rio, que continuou durante muitas décadas. Antes, o modelo que imperava no Brasil era o europeu, que contava com prédios mais baixos” diz o arquiteto e pesquisador Márcio Freitas.
Em 31/3 o prefeito do Rio, Eduardo Paes, assinou a compra do edifício por R$ 28,9 milhões, bem abaixo do lance mínimo de R$ 98 milhões apresentado em maio de 2021, data do primeiro leilão. A venda de edificação ocorre após tentativas frustradas de negociação entre o governo federal e a iniciativa privada. O objetivo da Prefeitura ao adquirir o prédio, inicialmente, é o de negociá-lo com setor privado.
O município fará a negociação do edifício via fundo de investimento imobiliário, a transação, de acordo com a Prefeitura, permite mais versatilidade à negociação com investidores privados, como pagamento com entrada mais parcelamento e permutas. Nos últimos anos, o Rio fez negociações de imóveis públicos similares, como um terreno no Santo Cristo onde está sendo erguido um empreendimento residencial, o Rio Energy. Outro exemplo é o prédio no Largo dos Leões, no Humaitá, que será convertido em outro residencial.
Após quatro tentativas de venda pelo governo federal entre 2021 e 2022, a SPU disponibilizou o prédio no mercado pela quinta vez. Em setembro de 2022, o prefeito Eduardo Paes anunciou que o compraria caso não houvesse uma proposta até o prazo estabelecido para lances, no dia 18 de fevereiro de 2023. Como as propostas privadas não vieram, dias antes do prazo a Prefeitura do Rio deu entrada na aquisição do A Noite.
Não é exagero dizer que o edifício A Noite, com toda sua grandeza, condiz com a imensidão da beleza da Cidade Maravilhosa. Que o passado de glórias venha à tona e leve novamente esse histórico prédio ao topo.
Porque não botam a Tirolesa lá? Tombado por tombado, deixem o Pão de Açúcar em paz
Boa!
O que mais me preocupa na notícia é a parte que diz “o município fará a negociação do edifício via fundo de investimento imobiliário. A transação, de acordo com a Prefeitura, permite mais versatilidade à negociação com investidores privados, como pagamento com entrada mais parcelamento e permutas.” São essas tais “versatilidades” que escondem as mais canalhas picaretagens.
O que eu não entendo é: o imóvel é avaliado em quase 100 milhões de reais, mas o governo federal não conseguiu vendê-lo para nenhum ente privado. Aí, vem a prefeitura do Rio e o adquire por incríveis 30% do valor de mercado. Porém, qual o objetivo da prefeitura? Vendê-lo novamente à iniciativa privada! Pelos 100 milhões de reais que o prédio vale? Obviamente que não, pois este valor os caras já disseram que não pagam. Então, supõe-se que será vendido por bem menos que 100 milhões…ou seja, na prática, a iniciativa privada vai abocanhar um patrimônio dos brasileiros, pagando menos do que o valor justo. Isso por si só já configura lesa pátria, mas pode ficar ainda pior: imaginem se a prefeitura vender o prédio por MENOS do que 30 milhões! Aí, não só todo o povo brasileiro terá tido seu patrimônio dilapidado, mas o contribuinte carioca é que terá comprado o imóvel para vendê-lo a preço de banana para os espertalhões imobiliários. Trocando em miúdos, os cariocas é que terão comprado o prédio para dar de presentinho para os boa-vidas.
Toda a operação cheira a mutreta.
Realmente o Edificio A Noite condiz e muito com a beleza do Rio de Janeiro
apesar da descaracteração interna sofrida…o receio é que venham fazer uma externa…porque atualmente o medonho está acontecendo assustando até o capeta…
Que seja vendido o mais cedo possível, antes que as milícias se apropriem do imóvel e vendam os apartamentos para os invasores .
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