Jackson: As rebarbas do debate

Jackson Vasconcellos faz a análise do debate da Band Rio e diz que foi um debate ruim, porque não esclareceu a população

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Foto: Vanessa Ataliba/Grupo Bandeirantes

Propor-me analisar o desempenho dos candidatos ao governo do Rio no debate de domingo na Bandeirantes, após Quintino e Cláudio André Castro terem feito bem esse trabalho, seria tomar o tempo dos leitores do Diário do Rio com repetições. Os dois descreveram, com detalhes, o que foi o debate e fizeram a leitura que eu gostei bastante.

Só não gostei da peça principal: o debate. Ele foi pobre diante das circunstâncias que a população do estado vive e da história da relação que tem tido com os governantes. Em determinado momento, Cláudio Castro disse que o maior objetivo dele no governo é, com as decisões que toma, alcançar o orgulho dos dois filhos que tem. Era de se esperar que os filhos dele não exigissem tanto do pai. E, era de se esperar que Cláudio Castro estivesse com a disposição de dar orgulho ao povo do estado que ele governa.

Também era de se esperar que Marcelo Freixo dedicasse algum tempo ao estudo da Segurança Pública por ser uma obrigação dele como agente público regiamente remunerado para responder às expectativas da população que lhe paga as contas. Mas, se soube que a motivação dele é a morte do irmão assassinado, pouco ou nada sendo relevante o fato de muitos que pagam as contas terem filhos, irmãos e esposas assassinados no estado que ele quer governar.

Marcelo Freixo disse ainda: “A vida ficou cara. As famílias não conseguem mais comer carne. Muitas delas estão comprando soro de leite ou pelanca de frango…” Cabe questionar: Como ele faz para comer carne e não precisar comprar soro de lei e pelanca de frango, se ele é sustentado pelo dinheiro de quem não come carne e compra soro de leite?

Rodrigo Neves é um grilo falante. Menino, como ele fala bonito! Rodrigo tem a credencial de ex-prefeito de Niterói, avaliado como excelente a ponto de eleger o sucessor no primeiro turno e com mais de 60% dos votos. Contudo, não apresentou uma só razão que pudesse levar os eleitores do estado a acreditar que a opção por ele seria a melhor escolha. Nenhuma proposta do Rodrigo Neves empolga, porque não são críveis. Político experiente, Rodrigo Neves não caiu na pegadinha do Marcelo Freixo, quando ele falou sobre as relações espúrias da classe política com a turma do transporte. Rodrigo Neves não passou recibo.

A Segurança Pública recebeu a mesma cantilena de todas as campanhas: Medellin, México, Nova York, que digo de passagem, está voltando a ter os problemas do passado. Fala-se, novamente, em “inteligência” para a investigação, em valorizar a polícia, sem dizer o que isso significa e blá, blá, blá. Nenhuma sinalização, sequer, para o desarmamento dos bandidos, esse sim, o problema principal.

Rodrigo Neves cresceu quando enfrentou Cláudio Castro no tema saúde e na sobra, Paulo Ganime fez o gol. Um golaço! Avisou que, como deputado federal, visitou 89 cidades do estado, que tem 92. Ele disse que foi ouvir as pessoas e passou para o debate as angústias delas. E chamou para a conversa as pessoas que assistiam ao debate que conheciam o problema que ele apontou.

Depois, num novo embate com Rodrigo Neves, Marcelo Freixo criou outra pérola, quando falou sobre os engarrafamentos em Niterói, que atingiam até a Rua Noronha Torrezão, vizinha do ex-prefeito: “Alguém que não conseguiu resolver um engarrafamento na rua da própria casa não conseguirá resolver o engarrafamento da Baixada“. É um ato falho! Freixo mostra que dará preferência à solução dos problemas que incomodam a ele antes de pensar naqueles que incomodam os outros.

Por fim, provocado pelo governador Cláudio Castro sobre seu interesse pela Baixada Fluminense, Marcelo Freixo saiu-se com as emendas ao Orçamento da União para a Universidade Rural, que fica em Seropédica. Deu uma de João sem Braço, porque a grana que ele envia para a Rural nada tem com a relação dele com a Baixada, mas das relações dele com os “vermelhos” das universidades.

Paulo Ganime, sem dúvida, saiu-se melhor, um desempenho surpreendente para uma pessoa que nunca viveu o clima de um debate em campanha. Ele estava calmo e enfrentou bem as críticas de Cláudio Castro ao Partido Novo; “Zema, em Minas, faz um governo muito melhor que o seu“.

Jair Bolsonaro só não foi uma ausência, porque Freixo, assim como quem não quer nada, provocou Cláudio Castro, que, em nenhum momento assumiu a ligação com o Presidente da República, mesmo tendo dele recebido as condições ideais para colocar a casa em ordem.

Foi um debate ruim, porque não esclareceu a população.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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Formado em Ciências Econômicas na Universidade Católica de Brasília e Ciência Política na UNB, fez carreira com dezenas de cases de campanhas eleitorais majoritárias e proporcionais. É autor de, entre outros, “Que raios de eleição é essa”, Bíblia do marketing político.

2 COMENTÁRIOS

  1. Pelo menos não falou que só o Castro foi bem como teve gente falando …
    Percebi muito nervoso e demorando muito na fala, procurando o que falar …

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