Quando o DIÁRIO noticiou que a última casa da orla do Leblon havia sido demolida, já se esperava que daria lugar a um empreendimento imobiliário de altíssimo padrão. O imóvel – uma casa geminada que de luxo não tinha nada, conforme as fotos que constaram da matéria da época – teria sido vendido por mais de 50 milhões de reais para a tradicional construtora Gafisa, nascida carioca e radicada em terras paulistas. Mas o preço a ser pedido por cada um dos apartamentos a serem construídos no local prova que o Leblon está no mapa dos lugares mais caros do mundo para se ter um imóvel.
O controle acionário da Gafisa foi adquirido por ninguém menos que Nelson Tanure, dono da Docas S/A, investidor baiano de DNA carioca. Desde então, a empresa, que andava em baixa, recebeu grandes aportes financeiros e passou por uma reestruturação, que, parece, voltou a incluir a Cidade Maravilhosa em seus planos. A retumbante volta da Gafisa ao mercado do Rio se deu com a compra do último terreno da Orla do Leblon, além da compra de dois shopping centers, entre eles o Fashion Mall.
É sabido que o mercado imobiliário da Zona Sul está de vento em popa, com mega negócios surgindo. Segundo o jornalista Lauro Jardim, do Jornal O Globo, serão construídos no terreno da Avenida Delfim Moreira apenas seis exclusivos e espaçosos apartamentos de 350 metros quadrados cada um. Mas o que surpreende é o valor que a construtora vai pedir, segundo Jardim, por cada um deles: cada um deve custar, em média, TRINTA E OITO MILHÕES E QUINHENTOS MIL REAIS. Isto significa que por cada metro quadrado construído, os seus moradores pagarão CENTO E DEZ MIL REAIS.
Fomos ao Zap Imóveis pra descobrir o que mais poderíamos fazer com o valor equivalente a um destes apartamentos que a Gafisa vai construir. Descobrimos que cada um dos seis imóveis, assim, equivale ao valor de trezentos e cinquenta apartamentos de 75m2 em Inhaúma ou Campo Grande, por exemplo. Ou mesmo oitenta e oito apartamentos de dois quartos no cada vez mais procurado bairro do Recreio dos Bandeirantes.
A vista para o mar do Leblon é uma das características mais exclusivas e procuradas no mercado imobiliário carioca. Segundo especialistas, com o valor de um destes apartamentos, porém, é possível comprar dois com praticamente a mesma metragem, em prédios mais antigos, com a mesma vista, e no mesmo bairro. Mas ao mesmo tempo todos são unânimes em dizer que os apartamentos devem ser vendidos sem grandes problemas.
A metragem oferecida é um bom diferencial, assim como a exclusividade do empreendimento, com poucos andares, e o fato de ser um imóvel novo, tinindo. “Sempre vai existir uma coisa chamada fator troféu; e é este fator que pode fazer com que o empreendedor consiga essas unidades”, diz Anderson Martins, diretor da filial do Leblon da tradicional corretora Sergio Castro. E, finaliza: “um imóvel novo, no Rio de Janeiro, acaba tendo um atrativo extra. E, embora tenhamos apartamentos do mesmo tamanho e com a mesma vista por valores muito menores, haverá sempre quem prefira a exclusividade de um lançamento com design mais moderno numa área tão nobre“.
Atualização: A Gafisa procurou o Diário do Rio e informou, às 17:42 do mesmo dia da publicação da matéria, que as informações dadas pelo jornal O Globo estariam erradas, e que tanto a metragem quanto os valores serão diferentes. Logo que tivermos os dados corretos, publicaremos em nova matéria.