Maveroy: Sinônimo de industrialização e sucesso na era de ouro fluminense

A trajetória da grande indústria criada pelo comendador Hugo de Rossi foi uma das grandes histórias de sucesso fluminenses. Infelizmente, o empobrecimento do Estado nos fez perder a fábrica dos famosos refrigeradores Kelvinator

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Maveroy
Portas de ferro fundido do antigo galpão da Maveroy, que foi sede também do antigo Shopping Rio Decor, na Av. Feliciano Sodré

Em Niterói, durante anos, quem pensava em comprar móveis ou mobiliário em geral, acabava lembrando do antigo galpãozão do Shopping Rio Decor, na Avenida Feliciano Sodré, 282, que acabou sendo incendiado anos atrás. No entanto, muito poucos dos que andavam e por lá perambulavam em busca de mesas, sofás e cadeiras sequer imaginavam que naquele local se iniciou uma das maiores trajetórias de industrialização de todo o Estado do Rio de Janeiro. Os portões de ferro fundido onde se lê MSIF (Maveroy Sociedade Industrias Frigoríficas) são uma pista importante.

O acesso geral dado, pelos lindos portões com o monograma, aos velhos galpões da Maveroy, indústria criada pelo Comendador Hugo de Rossi em 1951, na época do Governador Amaral Peixoto. Aliás, sua casa na Estrada Fróes 132, foi objeto de uma matéria do DIÁRIO. A empresa veio a crescer muito com a fabricação dos famosos aparelhos refrigeradores Kelvinator, que eram enviados para todo o Brasil, fabricados em Niterói sob licença da American Motors Corporation. Esta é a face residencial da Maveroy; a que todo mundo conhecia. Mas a grana preta mesmo vinha do fato de que era a Maveroy que construía praticamente todos os galpões frigoríficos do Estado, inclusive os dos portos.

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A Maveroy fabricava os velhos refrigeradores Kelvinator, que eram sinônimo de geladeira, nos anos 1950

Em 1956, quase todos os lares brasileiros que dispunham de geladeiras, contavam com as marcas Kelvinator, GE e Frigidaire. A marca da Maveroy era de longe a mais lembrada e citada pelas donas de casa, segundo as pesquisas e prêmios distribuídos pelo extinto jornal A Noite, periódico da época.

No triste episódio do incêndio do Gran Circus Norte-Americano, em 1961, tamanha foi a tragédia, que os imensos armazéns frigoríficos da Maveroy tiveram que ser convertidos em câmaras mortuárias para abrigar, por um tempo, as centenas de vítimas sem reconhecimento dos familiares.

Nas décadas seguintes o nome Maveroy perderia relevância; assim como, infelizmente, tantas outras grandes indústrias do Rio de Janeiro, como Faet, Red Indian, Gessy, CCPL e outras; o empobrecimento do Estado, e tudo o mais que sabemos. Greves, problemas financeiros e a hiperinflação mataram a Maveroy. Em meados da década de 1960 e ainda 1970 e 1980, Maveroy se tornaria sinônimo de favela e problemas sociais no antigo Estado do Rio de Janeiro. Uma grande área ocupada por população carente, sem o mínimo de infraestrutura, tomava a região do aterrado no entorno da Enseada de São Lourenço por muito tempo, sob o nome de Favela do Maveroy. Com a construção da Ponte Rio-Niterói, esta e outras favelas ali localizadas foram desmobilizadas e removidas, com sua população sendo direcionada para programas habitacionais em áreas mais distantes, em São Gonçalo, tais como Salgueiro e Itaúna.

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