Familiares de Bruna Terra Lobo, de 22 anos, falecida na última sexta-feira (05/04) após uma série de atendimentos na UPA de Iguaba Grande, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, acusam a unidade de negligência no caso.
A jovem foi atendida pela primeira vez na UPA em 01/04, relatando dor de garganta. Como não houve melhora em seu quadro clínico, voltou ao local duas vezes em 04/04, e, posteriormente, no dia de sua morte, 05/04.
Nas redes sociais, a mãe de Bruna publicou um relato explicando o passo a passo do atendimento à sua filha. O texto gerou forte comoção.
”Ela retornou na mesma unidade de saúde pela manhã [em 04/04]. Depois de quase duas horas aguardando, foi atendida. Apresentava tosse, cansaço e vômito. Foram receitados mais remédios sem terem feito qualquer exame”, compartilhou.
”À noite [no mesmo dia], precisou voltar, pois havia piorado. Pedimos um atendimento com urgência, pois continuava vomitando e os batimentos cardíacos estavam muito altos. Passando pela triagem, o enfermeiro, com sua má vontade, não conseguiu aferir os batimentos cardíacos da minha filha e disse para o pai que, ‘casos iguais ao dela’, tinham vários”, complementou.
Sendo assim, de acordo com a mãe, Bruna, apesar da fraqueza em seu corpo, voltou para casa, mas acabou retornando novamente à UPA na manhã do dia 05/04, pois havia piorado ainda mais.
Dessa vez, o atendimento à jovem foi considerado rápido e bom, mas sua saturação e seus batimentos haviam caído, precisando, assim, ser intubada, na própria unidade de pronto atendimento.
”Que sofrimento ver minha linda princesa nessa situação, precisando de uma vaga de transferência para uma UTI. Muitos amigos fizeram de tudo para conseguir um hospital que tivesse vaga e aceitasse recebê-la”, conta a mãe.
Por volta das 22h, então, foi disponibilizada uma vaga para Bruna em Volta Redonda, cidade da região Sul Fluminense a mais de 240km de distância de Iguaba Grande. Ela, porém, não resistiu e acabou falecendo no caminho da transferência.
”E eu me pergunto: ‘Quanto vale uma vida?’. ‘Será que tem preço?’. ‘E essa dor que vou ter que carregar pelo resto da minha vida?’. Sei que o consolo vem do nosso Deus. Agradeço aos familiares e amigos pelo carinho com a minha linda menina! Filha amada, eu te amo para todo o sempre”, concluiu a mãe.
Em meio à grande repercussão do caso, a Prefeitura de Iguaba Grande se manifestou por meio das redes sociais, lamentando o ocorrido e informando que uma sindicância administrativa foi aberta para apurar as responsabilidades.
Em resposta ao manifesto municipal, parentes de Bruna disseram: ”Família Terra clama por justiça! Queremos respostas! A população merece uma saúde de qualidade! Basta de descaso na saúde! Precisamos de profissional qualificado e não de indicação de políticos para preencher lacunas. Não vamos nos calar”.
Por meio de nota oficial enviada à imprensa, a Secretaria de Saúde de Iguaba Grande, por sua vez, afirmou que, ”assim que o Município tiver um resultado da sindicância, uma atitude será tomada”.
Paralelamente, a pasta informou que administração da UPA foi modificada, o que ”já era uma mudança prevista”. Agora, a unidade está sob o comando de William Martins, mais conhecido como Zezé.