Nesta terça-feira (15), às 17h30, a Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores realiza o tradicional “Ofício de Trevas”, dando prosseguimento à extensa programação da Semana Santa 2025, destinada a relembrar as últimas horas de Jesus. O rito é um dos momentos mais marcantes do período e remonta à Idade Média. A cerimônia será celebrada pelo Padre Victor Hugo Nascimento e pelo Bispo Dom Jeremias de Jesus. O rito lembra os antigos monastérios, com suas velas e frades com capuzes.
O ritual – acompanhado de um dueto de vozes e do histórico harmônio da igreja de 1743 – será realizado com todas as luzes do Igrejinha apagadas e apenas 15 velas em um histórico candelabro iluminando o altar. Para cada vela que vai sendo apagada, uma oração é realizada, com a leitura de salmos. À medida que o rito segue, somente uma vela fica acesa, representando Jesus, até que ela também será apagada. Segundo o padre da Igreja dos Mercadores, Victor Hugo dos Nascimento, o evento religioso relembra a paixão, morte e ressurreição de Cristo.
“A celebração nos lembra a paixão, morte e ressurreição do Senhor, com destaque ao momento da sua paixão e ao que aconteceu na hora da sua morte na Cruz. O ritual nos recorda, em nossa vida, as situações de trevas que nos impedem de visualizar os sinais do ressuscitado nas nossas vidas”, afirma o sacerdote.
Tradição e significado
Segundo a tradição católica, o “Ofício de Trevas” é um conjunto de símbolos, salmos, cânticos e preces penitenciais destinados à meditação sobre a escuridão em que ficou a Terra com a morte de Jesus. Até o Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965, o ritual integrava a programação obrigatória da Semana Santa. Depois, a bela e imponente celebração passou a ser opcional. Na irmandade de comerciantes da rua do Ouvidor, não era celebrada há 50 anos, até o ano passado.
Trata-se de uma tradição medieval, sem data precisa. Segundo o Padre Victor Hugo do Nascimento, a tradição tem sido retomada em muitas igrejas, como a capela da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, na rua do Ouvidor, hoje famosa por suas cerimônias tradicionais.
Veja alguns rituais que devem ser feitos na cerimônia
Durante o “Ofício de Trevas” devem ser cumpridas várias etapas. Entre elas destacam-se: uma meditação intercalada pela recita de sete salmos e cânticos sobre as sete palavras de Cristo na Cruz; ao longo do rito, as 15 velas vão sendo apagadas, apenas uma vela fica acesa e simboliza Cristo – ao final, é posta na parte detrás do altar; uso de matracas, que remete ao véu do santuário, reatado de alto a baixo no dia da morte do Senhor.


Na cerimônia, as 15 velas são colocadas em um castiçal triangular, o tenebrário; simbolizando Cristo, os 11 discípulos remanescentes depois da traição de Judas; além das três Marias: Maria de Cleofas, Maria Madalena e Maria Salomé, identificada no ocidente como Maria, mãe de Tiago. No decorrer do rito, a cada salmo, duas velas são apagadas; ficando apenas uma vela acesa no tenebrário e as velas do altar. Os devotos batem nos bancos ou nos punhos.
No final da celebração, cercada de uma aura de mistério e luto, o sacerdote e dois ministros se deitam sobre um tapete escuro colocado em frete ao altar, para o despojamento, em sinal de penitência e veneração a Cristo que padece sofrimentos por nossos pecados. O “Ofício de Trevas” termina com um canto e todos saem em silêncio.
A programação da histórica igrejinha construída em formato elíptico continua, todos os dias até o Domingo de Páscoa. Na quarta, o Solene Ato penitencial ocorre às 17:30h. Na quinta-feira, a faustosa Missa Solene. Da Ceia do Senhor com o tradicional lava pés dos empresários e comerciantes costuma atrair uma multidão, no mesmo horário, com direito à procissão de retirada do santíssimo do altar e sua colocação na bicentenária Urna da Reposição, para adoração. Na sexta, o Ato da Paixão do Senhor ocorre às 15h. Sábado às 18:00 ocorre a grande celebração com a volta do Aleluia: fogueira, procissão e chuva de pétalas trazem a ressurreição de Cristo, com ponto de encontro na Travessa dos Mercadores, em frente ao templo; e Domingo, no tradicional horário do meio-dia, o bispo Dom Jeremias retorna para a grande solenidade de Páscoa. Será um festival de fé, cultura e boa música.
A PM e a Guarda Municipal estenderam sua atuação na região da Praça XV durante toda a semana santa para garantir uma maior segurança aos fiéis da igrejinha que ficou famosa por seu Coral e liturgias tradicionais.
Serviço: Ofício de Trevas
Dia: Terça-feira (15) – hoje
Hora: 17h30
Celebrante: Victor Hugo Nascimento e Bispo Dom Jeremias de Jesus
Endereço: Rua do Ouvidor, número 35, Centro Histórico do Rio.