A Universidade Estácio de Sá deixará de ocupar o tradicional Edifício Venezuela, localizado no número 43 da Avenida Venezuela, no bairro Saúde, região central do Rio de Janeiro. O edifício já foi sede da Rádio Tupi e da Rádio Mundial e também era em sua porta que era oferecido o famoso “Sopão do Zarur“, que era servido pelo antológico fundador da LBV, Alziro Zarur, à população carente, nos anos 40 a 70. O prédio pertenceu à família de Assis Chateaubriand, sendo vendido nos anos 90 para um investidor imobiliário espanhol, que, anos depois, vendeu-o a um fundo imobiliário, que terminou por alugá-lo à Universidade.
De acordo com informações divulgadas inicialmente pelo site especializado em fundos do mercado imobiliário ”Clube FII News”, o acordo contratual entre a faculdade e o fundo RBR Properties (RBRP11), dono do imóvel, prevê aviso prévio de 240 dias. Durante esse período, a Estácio deverá continuar arcando com todos os pagamentos previstos até deixar oficialmente o local. Os Fundos Imobiliários com cotas na Bolsa de Valores são obrigados a divulgar os resultados de suas locações, assim como quando seus prédios são ocupados ou desocupados.
Vale ressaltar que o local funciona como uma unidade administrativa da Estácio, e não uma unidade de ensino da instituição.
O DIÁRIO DO RIO, inclusive, entrou em contato com a universidade para comentar o assunto, mas a mesma informou que ”não comenta rumores desta natureza”.
Desocupação vai na contramão
A saída do Edifício Venezuela por parte da Estácio vai na contramão da ocupação que tem ocorrido na região do Porto Maravilha nos últimos tempos. A Zona Portuária carioca tem sido bastante procurada para ser a sede de diversas empresas.
A Sankhya, empresa mineira de gestão, considerada a ”Oracle brasileira”, se mudou recentemente para o Edifício Nova, sede da L’Oreal.
Outro exemplo é a Tezos, uma das pioneiras da rede de blockchain (código aberto), que também investiu em um escritório na região.
Isso sem contar o antigo e histórico Moinho Fluminense, primeira fábrica de moagem de trigo do Brasil. O espaço, que tem cerca de 27 mil metros quadrados, será reformado e passará a contar com escritórios e uma área de lazer.
Sopão do Zarur
O sopão do Zarur, uma sopa de feijão com macarrão que era servida à população pobre na porta da Emissora da Boa Vontade (antiga rádio Mundial) foi o embrião da Legião da Boa Vontade (LBV). Já nos primeiros anos de atuação, a Instituição notabilizava-se pela “Sopa dos Pobres”, também conhecida como “Sopão do Zarur”, que surgira no fim da década de 1940, pouco antes do registro oficial da entidade em 1950, com a finalidade de prestar auxílio às famílias brasileiras. Pouco tempo depois, quando o mundo ainda vivia sob as sombras da Segunda Guerra Mundial, o fundador da LBV convocou, do auditório da Emissora da Boa Vontade, a população brasileira para um novo enfrentamento. Pelas ondas sonoras, declarou “a guerra mundial contra a fome”.
Alziro Zarur foi um jornalista, radialista, poeta e escritor, que fundou a LBV.