Aprendemos com Cazuza, anos atrás, que o tempo não para. Mas em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, para tristeza dos moradores locais, isso aconteceu. Praticamente de maneira literal, pode-se dizer. Isso porque o Relógio das Flores, um dos principais pontos turísticos do município, antes tão procurado nas visitas à Cidade Imperial, encontra-se com os ponteiros quebrados e sem manutenção permanente há pelo menos 3 anos.
Estrategicamente localizado no encontro da Avenida Barão do Amazonas com a Rua Almirante Mauriti, muito próximo à famosíssima Casa de Santos Dumont, na região central de Petrópolis, o Relógio das Flores foi inaugurado em 07 de setembro de 1972, tendo essa data escolhida como forma de homenagem aos 150 anos do Dia da Independência do Brasil.
Por mais de 30 anos, o monumento esteve sob os cuidados do relojoeiro Lino Ângelo. Desde 2017, porém, ele abriu mão da manutenção que realizava voluntariamente no local devido aos atos de vandalismo recorrentes e à falta de assistência por parte do poder público.
”Parei mesmo por cansaço. Foram muitos e muitos anos da minha vida dedicados ao relógio. Era um serviço de doação que eu fiz com muito carinho e amor por mais de 30 anos. Ia lá aos domingos e feriados, inclusive. Quando chegava a época do Natal, por exemplo, o relógio tocava músicas”, diz ele.
Coordenador do Instituto Civis, Mauro Corrêa diz há um descaso da Prefeitura de Petrópolis com o Relógios das Flores e outros pontos turísticos da cidade: ”Petrópolis é uma cidade histórica. Os órgãos competentes deveriam ter mais zelo com o nosso patrimônio, especialmente pelo fato de movimentarem a economia local. Essas coisas acontecem há anos, não é de hoje. Volta e meia o Relógio das Flores apresenta problemas e nada de efetivo é feito. É triste e lamentável que estejamos numa situação como essa, mas, infelizmente, a política cultural da cidade é muito ruim.”
Por meio de nota oficial, a Prefeitura de Petrópolis se pronunciou: ”A Companhia Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis (Comdep) realiza a manutenção do jardim do Relógio das Flores regularmente. Uma empresa privada realizava a manutenção do maquinário do equipamento sem custos ao município. Porém, após constantes atos de vandalismo, a empresa deixou de oferecer o serviço. A manutenção foi realizada 11 vezes, e, após todas elas, houve vandalismo. A comdep fez o orçamento para manutenção do maquinário do relógio com outra empresa, e o processo tramita dentro da companhia. Vale ressaltar que a Comdep repudia todo e qualquer ato de vandalismo.”
Rio também sofre com vandalismo e falta de atitude do poder público
Não é apenas em Petrópolis que os atos de vandalismo e o consequente descaso do poder público têm sido um problema. Na cidade do Rio de Janeiro, a situação, por vezes, se repete. Em Copacabana, na Zona Sul, por exemplo, a estátua de Carlos Drummond de Andrade, situada num banco na orla da praia, já teve seus óculos diversas vezes furtados. Em fevereiro, uma outra estátua, de 400kg e 2 metros de altura, foi furtada na Glória, também na Zona Sul. Ela representava D. Rosa Paulina da Fonseca, mãe do primeiro presidente do Brasil, Marechal Deodoro da Fonseca.
Em maio deste ano, inclusive, o DIÁRIO DO RIO noticiou a respeito de uma onda de invasões a imóveis históricos que vinham acontecendo na região central da capital fluminense, como a antiga casa de Carmen Miranda, na região do Arco do Teles, que foi depredada por criminosos à época.
Em relação ao cotidiano, é recorrente também o vandalismo em estações do BRT, seja com vidros quebrados ou cabos de energia furtados. Nos 3 corredores que compõem o sistema (Transcarioca, Transoeste e Transolímpica) a situação acontece com frequência.