Vitor Friary – Mindfulness, Yoga e TDAH: explorando alternativas terapêuticas no manejo da desatenção.

É um mito pensar que todas as pessoas com um diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção (TDA) sejam hiperativas

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Pessoas circulando pelo Centro do Rio de Janeiro - Foto: Rafa Pereira/Diário do Rio

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma condição neurológica que começa na infância e que afeta a habilidade da pessoa de focar, prestar atenção e gerenciar seu próprio comportamento (incluindo a impulsividade) e por isso pode criar uma série de problemas de vida, incluindo a evolução em campos como escola, relações de trabalho, saúde e até na área financeira.

É um mito pensar que todas as pessoas com um diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção (TDA) sejam hiperativas. Em geral, as pessoas pensam que uma criança com TDA, por exemplo, não param quietas e estão sempre interrompendo todo mundo o tempo todo e pulando sem parar, mas isso é incorreto. As principais características de um TDA é quando a criança constantemente fica em “modo avião”, parecendo que está desligada. Nos casos onde a hiperatividade também esteja presente, chamamos de TDAH, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que é outro diagnóstico, com condições específicas.

Nas últimas décadas, observou-se um aumento significativo no número de diagnósticos de TDAH em todo o mundo. Este fenômeno pode ser atribuído a uma maior conscientização sobre o transtorno, mas também levanta questões sobre a possibilidade de sobrediagnóstico e o uso de medicamentos de comportamentos considerados fora do comum, mas que talvez não contemplariam o uso dessas intervenções farmacoterápicas.

No meu consultório é muito comum a chegada de crianças e jovens diagnosticadas com TDAH que quando foi investigado mais de perto, a desatenção e inquietação reportadas pelos pais era bem pontual, aconteciam apenas em sala de aula, e não em todos os ambientes.

Pesquisas recentes indicam que a prática de Mindfulness e meditação podem ser uma ferramenta valiosa no manejo dos sintomas do TDAH. Essas práticas ajudam a fortalecer a capacidade de controle da atenção, promovendo a observação atenta dos pensamentos e sentimentos e treinando o indivíduo a retornar ao momento presente quando distraído. Além disso, estudos sugerem que a meditação pode aumentar os níveis de dopamina e engrossar, isto é, fortalecer o córtex pré-frontal, áreas afetadas no TDAH.

Semelhante à meditação, a Yoga oferece benefícios para indivíduos com TDAH, combinando exercícios físicos com técnicas de respiração e Mindfulness. Pesquisas indicam que a prática regular de Mindfulness e também o Yoga pode melhorar a atenção, a concentração e reduzir sintomas de ansiedade e depressão, frequentemente associados ao TDAH.

Além de auxiliar no manejo dos sintomas do TDAH, mindfulness e o yoga podem contribuir para a melhoria da autoestima, redução do estresse e até mesmo na manutenção de um estilo mais saudável de vida, com menos compulsão, inclusive alimentar. A capacidade dessas práticas de promover uma atitude não julgadora e mais acolhedora em relação a si mesmo é particularmente valiosa para pessoas com TDAH, que muitas vezes se veem criticadas por suas dificuldades.

Para aqueles que enfrentam desafios com a meditação devido à natureza inquieta da mente, técnicas específicas como atividades mais lúdicas e meditações em movimento podem ser úteis. Estabelecer rotinas e praticar com um amigo ou alguém da família também pode incentivar a aderência a essas práticas.

A inclusão de práticas de mindfulness, meditação e yoga no manejo do TDAH oferece uma abordagem integrativa que vai além da medicação e terapia convencional. Embora essas práticas não substituem o tratamento médico tradicional, elas podem ser valiosas aliadas na busca por bem-estar e qualidade de vida para pessoas com TDAH.

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