É difícil acreditar que a movimentada região já foi considerada uma área isolada do centro do Rio de Janeiro, cercada de manguezais, lagoas e morros. Pois esse é o início da história do Largo da Carioca, um dos mais importantes capítulos das páginas da Cidade Maravilhosa.
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Em 1592, às margens da Lagoa Santo Antônio, que ficava onde hoje é o Largo, uma pequena ermida foi erguida pelos freis franciscanos. Alguns anos depois, iniciou-se a construção do Convento de Santo Antônio. No ano de 1615, sete anos após o início da obra, foi inaugurada uma parte do Convento, além da Igreja de Santo Antônio. Para drenar a lagoa, os franciscanos abriram uma vala. O trajeto da vala deu origem à Rua da Vala, atual Rua Uruguaiana.
“A cavação dessa vala foi motivada pela reclamação dos monges. O lugar tinha muitos mosquitos, só uma secada na lagoa poderia aliviar o que para os monges era um verdadeiro inferno” disse o historiador Maurício Santos.
Com a instalação da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (VOT), vieram mais mudanças. Em 1619 foi iniciada a construção da Capela da Ordem, anexa à Igreja do Convento, sendo inaugurada em 1622. Em 1633, começou a obra de um novo templo, a atual Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, concluída em 1773. No ano de 1933, passou a funcionar, neste conjunto arquitetônico, um Museu de Arte Sacra, referência no assunto no Brasil.
O século XVI ficou marcado também por outras simbólicas reformas, que não foram de cunho religioso. Sob o governo de Antônio de Brito Freire de Menezes (1717-1719), iniciaram-se as obras de instalação de canos de água através da antiga Rua dos Barbonos (atual Rua Evaristo da Veiga) para trazer, para a cidade, as águas do Rio Carioca.
Essa mudança possibilitou que uma grande parte da população do centro da cidade pudesse ter acesso à água com mais facilidade. Inaugurado em 1750, as águas brotaram aos pés em um chafariz de mármore, através de dezesseis bicas de bronze.
Nessa mesma época, foi erguido no Campo de Santo Antônio, pelo governador Gomes Freire de Andrade, um posto policial militar destinado a conter os frequentes conflitos entre os escravos carregadores de água no chafariz, tendo ficado conhecido pela população como Guarda Velha.
Projetado pelo arquiteto Grandjean de Montigny, o novo chafariz ficou pronto em 1834, no mesmo local. A obra foi demolida em 1925.
Mais de duas décadas depois, outra demolição marcou a história do Largo da Carioca. Uma parte do Morro de Santo Antônio foi posta abaixo para a construção do Parque Eduardo Gomes, entretanto a parte onde está localizado o convento e as igrejas foi preservada. Sob o aterro que desceu, foram abertas as avenidas República do Chile e República do Paraguai.
Foram feitas grandes modificações nesse espaço na década de 1970, quando quase todos os prédios antigos do largo foram derrubados.
Além dos momentos históricos, o Largo da Carioca sempre teve uma vocação para as artes. É comum ver artistas dos mais diversos gêneros e seguimentos expondo suas obras no local.
“Frequentado por senhores e escravos, nobres e plebeus, devotos e aventureiros, capitalistas e operários, estudantes e mestres, nada pode ser tão carioca quanto o Largo” diz um trecho da publicação “Largo da Carioca 1608 a 1999 – Um passeio no tempo”, que tem texto e arte de Carlos Gustavo Nunes Pereira.
Tudo que aconteceu para alterar a paisagem natural do lugar foi desastroso.
Parabéns! muito bom trabalho. Pena que os monumentos históricos não tenham sido preservados; como por exemplo o chafariz, e o obelisco no final da Rio Branco. Se ainda estivessem em seus lugares a cidade estaria ainda mais maravilhosa.