Conhecido por ajudar a modificar a aparência de pessoas famosas, o médico brasileiro Guilherme Scheibel vem sendo vítima de crimes virtuais há pelo menos cinco anos. O cirurgião dos famosos, como é chamado, conta que encontra, no mínimo, cinco perfis fakes por dia usando fotos suas para a aplicação de golpes na Internet.
Os golpes têm um roteiro. Geralmente, tudo começa em sites de relacionamento. Após alguns dias de conversa, o golpista fala que se apaixonou, que está em um lugar complicado – muitas vezes usam países em guerra como exemplo. Depois, já com a confiança da vítima, passam a mandar presentes e o desfecho é pedir dinheiro. Para convencer as mulheres, eles fazem até vídeos chamadas usando deep fake. Quando o criminoso consegue o que quer, some.
“O recebimento de informações que estão utilizando minha imagem se tornou frequente ao longo dos últimos cinco anos. Teve um dia que recebi mais de 400 mensagens em meu privado. Cada vez que faço a troca de aparelho, recebo centenas de mensagens de pessoas que me sinalizam sobre perfis que estão usando minhas imagens. Em média, há uns cinco anos são pelo menos cinco fakes por dia usando fotos minhas”, diz Guilherme Scheibel.
Atualmente, com mais de 500 mil seguidores em seu perfil social do Instagram, o médico, passou a colecionar prints de diversos perfis, como Jerônimo, Leon, Alexander, Adam, Kingston, Louis, Fernando, entre outros nomes utilizados pelos criminosos.
Dr. Guilherme foi um dos entrevistados para a reportagem “La Estafa del Hombre Perfecto” (O Golpe do Homem Perfeito), veiculada em um canal de TV da Espanha. Na matéria, Scheibel conheceu histórias de mulheres que foram vítimas dos bandidos virtuais, como uma portuguesa que perdeu cerca de 55.000 euros em transferências bancárias.
“Fico triste em saber que muitas mulheres foram enganadas e passaram por situações constrangedoras e golpes resultantes de perdas financeiras”, pontuou o médico.
Guilherme Scheibel atende pacientes em diversos lugares do mundo, como Estados Unidos, Espanha, México, Japão, Argentina, além de capitais brasileiras. Como usa bastante as redes sociais em seu trabalho de cirurgião, o médico acredita que só a conscientização das pessoas pode mudar essa realidade na Internet.
“Não tem muito o que eu fazer como indivíduo. Eu faço denúncia de tudo e informo para as pessoas que vêm falar comigo que determinado perfil é fake, que não sou eu. E ainda tem gente que não acredita, que insiste que sou eu. Mesmo sabendo que é difícil, porque os criminosos são de vários países diferentes, eu espero que as polícias façam as investigações necessárias e precisas para logo encontrarem os golpistas. Isso prejudica minha imagem, porém meu profissionalismo e a preocupação com essas vítimas está acima disso”, declarou.
