Largo do Machado, mas não largo do barulho

Mesmo perto de delegacia e até do Bope além de instalações da própria Prefeitura, Largo do Machado e adjacências sofrem com festas clandestinas que sujam o bairro e trazem consequências funestas

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Para moradores do Largo do Machado, na Zona Sul, o fim de semana tem tido um significado diferente de um período de descanso: virou sinônimo justamente de viver uma rotina de inferno. O som alto alardeia que os vizinhos não têm mais direito de dormir ou relaxar na própria casa após uma semana de trabalho e afazeres, mas segundo a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), a falta de sossego pode estar com os dias contados. “A Seop vai programar uma ação para o local“, informa o órgão, em nota, através da assessoria, quando questionado pelo DIÁRIO DO RIO.

Enquanto o socorro não vem, o depósito Nosso Galeto faz um verdadeiro Carnaval fora de época às alturas na Rua Bento Lisboa, umas das mais movimentadas do bairro e a apenas 500 metros da 9ª DP (Catete), além de estar e a menos de 10 minutos da sede do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Além do som alto, já há grades e até banheiros químicos no local, além dos frequentadores que também costumam esquecer que estão em uma área residencial e gritam. “É perturbação até domingo à noite. Mesmo morando dentro do prédio, o som sobe à minha janela“, conta uma idosa, que não quis se identificar. O fedor dos banheiros químicos se sente de longe.

Além da proximidade a uma delegacia e ao Bope, outra reclamação é a falta de eficiência do telefone da Prefeitura do Rio, o 1746, que mesmo depois de acionado, não tem levado as reclamações adiante. A Subprefeitura da Zona Sul afirmou que teve conhecimento por meio das redes sociais e garantiu que está atuando junto à Seop para direcionar operações de ordenamento no local. “Já falei com o secretário de Ordem Pública e estamos programando uma operação de ordenamento no local para coibir as irregularidades“, diz Flávio Valle, subprefeito da Zona Sul.

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Vizinha à baderna, idosa filma aglomeração e desordem em plena noite de domingo na Rua Bento Lisboa, bem próxima à 9ª DP

No próprio Largo do Machado, já há uma lona daquelas que guarda semelhança com as que traficantes usam pra tapar a visão de suas bocas de fumo na Cidade de Deus, com direito a cadeiras e mesas espalhadas, “alugadas” para eventos, onde aconteceria uma roda de samba toda sexta-feira e sábado, em frente ao Colégio Estadual Amaro Cavalcanti, que tem aulas, inclusive à noite. “Não somos contra ocupação, mas queremos um ordenamento urbano, pois falta sensibilidade, falta do direito de ir e vir de cadeirantes, mães e até o transeunte tradicional, pois fica difícil de passar por ali. Fora a poluição sonora, com caixas de som. Acionamos isso até no canal que temos com a Prefeitura, pelo Whatsapp, mas nada foi feito“, conta Bebel Franklin, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Flamengo, Parque do Flamengo e Adjacências (AMA Flamengo).

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Bagunça no coreto: Largo do Machado sedia samba de roda clandestino bem em frente à escola pública onde alunos estudam também à noite e gera reclamações de moradores

O grupo de moradores procurou o DDR depois da publicação da matéria sobre “rave pirata” em plena orla de Copacabana, onde ambulantes clandestinos transformam o calçadão mais turístico do país em uma festa da algazarra, com direito a som alto, jovens dançando, bebendo e vomitando, sem ligar para quem passa ou mora ali. O bairro apareceu no topo da lista do ranking de reclamações por barulho do 1746, divulgado na coluna do jornalista Ancelmo Gois. Entretanto, foi a denúncia publicada no DIÁRIO DO RIO que levou agentes da Seop ao local para checar a denúncia. A situação motivou até o vereador Rogério Amorim a escrever um artigo sobre o bairro de Caymmi e direcionar uma audiência pública, que fará agora em maio, à situação de desordem urbana da Zona Sul, que é principalmente fruto do comportamento incivil dos ambulantes ilegais. “A informalidade deve ser combatida pois é ela que traz o crime, a balbúrdia, brigas e odor de urina e fezes para a zona sul.”, disse uma síndica de um prédio no Largo do Machado que preferiu não se identificar, sintetizando o problema.

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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.

7 COMENTÁRIOS

  1. Já passou do limite, tem que impedir eventos ao ar livre nos bairros, pois a prefeitura está transformando a vida das pessoas em um caos, autorizando essas lonas pelo Catete e Glória. As pessoas não conseguem nem sair para divertir mais pois não conseguem descansar. Desconfio que quem aluga esses gradis e banheiros químicos seja ligado a prefeitura e aí funciona como uma propina.

  2. Reclamam do barulho. O que é justo. Porém, deve haver cuidado porque a região não é residencial e sim mista. E o nível de som proveniente de bares e restaurantes deve ser controlado e não removido. Tem norma técnica da ABNT indicando a intensidade de som recomendada.

  3. O seguinte trecho da matéria pareceu racista ou preconceituoso:

    “No próprio Largo do Machado, já há uma lona daquelas que guarda semelhança com as que traficantes usam pra tapar a visão de suas bocas de fumo na Cidade de Deus”

    Só esse registro.

  4. Parabéns pela reportagem. É exatamente o que vem acontecendo também em outros bairros da cidade. Passo juntamente com outras pessoas pelo mesmo problema no bairro de Del Castilho. Moro em um condomínio que tem lojas e uma delas funciona um bar que nos fins de semana e principalmente no domingo torna-se um caos para quem mora de frente para a rua e acima da loja. Toda semana é uma tensão. Moradores ficam reféns da loja com seus eventos. Descanso , receber visita, ver televisão, ouvir sua própria seleção musical, ler, estudar, é impossível. Por sua vez, como diz a reportagem, o portal 1746, quando atende e verifica, a resposta é a mesma: nunca constatam irregularidade. Uma piada! Com o 190 é a mesma situação.

  5. Moro aqui no Catete, a música nas proximidades da Rua Bento Lisboa , Pedro Américo vai até 6horas da manhã. Impossível dormir bem para trabalhar, estudar no dia seguinte.

    Já morei , só consegui morar 3 meses, em um prédio na frente d Pizzaria Guanabara qu sendo fechava por volta de 4h , 5 h da manhã. Muito barulho. Na rua Dias Ferreira, também há muita reclamação de barulho. Os restaurante com mesas nas ruas fecham 3h da manhã. Muito chato , não conseguir dormir antes de 3h da manhã!

  6. Algumas matérias do Diário do Rio me lembram as do início do século XIX. Higienismo misturado com picuinhas das miudezas da vida miúda.

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