Mais vereadores criticam lei que bane monumentos ditos “racistas”

Entre outros atos de revisionismo histórico, a ameaça de demolição à estátua do padre Antonio Vieira tem repercutido até na imprensa portuguesa, e comerciantes do Centro repudiam a iniciativa

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Foto: Divulgação

Vereadores do Rio entraram na polêmica contra ao Projeto de Lei 8205/23, que obriga a retirada de supostas referências públicas a “escravocratas, eugenistas, racistas e pessoas que feriram a democracia, a liberdade religiosa e os direitos humanos”, na sessão desta quinta-feira. Um deles foi Rogério Amorim (PL), que protocolou um projeto de lei, que adiciona uma emenda à Lei, acrescentando um parágrafo que vai estabelecer um limite para as ações permitidas, onde determina que as personalidades históricas só terão as homenagens canceladas caso se comprove efetivamente que tenham sido condenadas na última instância em qualquer tribunal de Justiça. “É importante colocar esse limite porque a esquerda, em sua ânsia pelo cancelamento, tende a criminalizar a tudo e a todos, vide a menção que já fizeram à estátua do Padre Antonio Vieira na PUC e ao monumento ao general Castelo Branco no Leme”, diz Amorim sobre o projeto, que deve ser publicado ainda nesta sexta no Diário Oficial da Câmara.

Nas redes sociais, Pedro Duarte (NOVO) protestou com a controversa crítica ao grande filósofo padre Antonio Vieira, que tem uma estátua em sua homenagem aqui no Rio, doada pela Câmara Municipal de Lisboa à PUC-Rio. “O caso está sendo noticiado pela imprensa portuguesa. Quem julgará quem ao longo dos séculos fez isso? Quem fará a análise da história desses personagens e do contexto em que estavam?”, questionou Duarte, que teria solicitada à vereadora Mônica Benício (PSOL) a lista de monumentos, até o fechamento desta matéria não teria sido entregue.

padre antonio vieira Mais vereadores criticam lei que bane monumentos ditos “racistas”
Estátua de Padre Jesuíta é alvo de PL contra monumentos dito racistas Crédito: Internet

A polêmica dos monumentos já é antiga, mas costuma não receber apoio do prefeito do Eduardo Paes, que pode sancionar. O então vereador Chico Alencar fez uma tentativa similar no último mandato na Câmara do Rio, também sem sucesso. Um dos alvos era o monumento ao grande estrategista militar brasileiro, Duque de Caxias, encontrado no Centro do Rio e a ponte Rio x Niterói, batizada de Costa e Silva, um dos presidentes do governo militar. No ano passado, um motoboy de São Paulo foi condenado a mais de três anos de cadeia por incendiar a estátua do bandeirante Borba Gato, um dos maiores desbravadores do interior brasileiro na capital paulista.

Comerciantes do Centro publicaram nota de repúdio à lei revisionista. O Instituto Polo das Confeitarias Tradicionais do Centro, que reúne diversos comerciantes que atuam diretamente na revitalização da região que é considerada berço da civilização brasileira, repudiou a aprovação da lei proposta pelos Psolistas. “Estes monumentos representam o legado de nossos antepassados, desde os colonizadores aos colonizados, família real, irmandades, mascates, dentre outros que fizeram a história do país. (…)
a homenagem aos fundadores e personagens imortalizadas em estátuas, placas, ruas e avenidas, e PRINCIPALMENTE a nossa luta pelo resgate do centro histórico, geram o mais absoluto repúdio à lei que inclusive extirpa a estátua de padre Antônio Vieira, grande filósofo e grande brasileiro”
, escreveu o polo em sua longa carta.

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VIAAmanda Raiter
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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.

8 COMENTÁRIOS

  1. Se tiver que ser, ok.Neste caso, o que farão com o monumento a Zumbi dos Palmares, na Av Getúlio Vargas? Será demolido. É fato histórico incontestável que ele tinha escravos. Até o movimento negro sabe disso.
    Esta proposta de lei só mostra o despreparo dos políticos do PSOL. Até mesmo para lacrar, não consultam informações e nem mesmo avaliam o impacto que suas propostas podem ter sobre suas pautas.
    Talvez fosse melhor deixar tudo como estar e se preocuparem em realmente buscar melhorar a vida do carioca, que não anda nada fácil.
    Que tal começar pela melhoria do transporte público, como por exemplo, a ampliação do METRÔ para a Zona Oeste e Norte. Seria muito bom iniciar o planejamento para substituir o traçado do BRT pelo METRÔ.
    Alô, PSOL! Olha a dica aí para ganhar voto! Para de jogar confete em seus militantes e comece a trabalhar pelo povo carioca!

  2. Ótima pauta para a extrema direita lacrar, gastar energia e reunir o rebanho.

    Acho que os monumentos devem permanecer, porém, deve explicar quem era a figura representada ali e suas ações.

    Quando eu olho da minha janela a ponte Rio Niterói eu tô vendo uma obra enorme de engenharia, complexa e de muita corrupção do governo militar.

    Quando fui a SP e vi a estátua do Bandeirante Borba Gato achei curioso um assassino de indígenas ter tamanho monumento.

    Enfim, essas figuras deveriam ter uma explicação histórica bem evidente. Não deveriam acabar com elas simplesmente.

    Já os nomes de ruas de pessoas horríveis deveriam acabar mesmo. Ninguém sonha em morar na rua Suzane von Richthofen.

  3. Só podia ser idéia de jerico dessa corja de vagabundos do Psol….querendo apagar a história….não aceitam a história?Se mudem!!!Simples assim…
    Aliás ,muito historiador sério dúvida da existência de Zumbi…outros afirmam q Zumbi possuía escravos tbm…..e aí?Esse monumento tbm vai ser retirado?
    Não duvido nada dessa corja querer vender o metal pra algum ferro velho e doar o dinheiro pra cracrudo se drogar!!SÓ SE PREOCUPAM COM MARGINAL E OUTRAS ASNEIRAS!!

  4. Deixaram fazer aos pouquinhos, primeiro em nome de reconhecimento histórico, como colocar novamente a luz o Cais do Valongo e sua triste história. Justo, assim como ocorreu no holocausto judeu, a diáspora negra não deve ser repetida. Só que essa turma não sossega, trazendo o revisionismo em ações que aterrorizam empresas a um novo comportamento, como nas denominações de estações do VLT tipo “Rosas Negras” em vez da Camerino que é a Rua de referência ou “Pretos novos” em vez de Santa Rita, nome da igreja que dá referencia ao entorno e frequentada até pelos negros daquela época. Até ai valem as duas denominações por ora. Agora vem a reinscrição, onde o que aconteceu tem suas referências anteriores apagadas da história. Se seguirmos a toada, o antiracismo se transformará no que? Religião? Isso não é pluralidade. Pobre Brasil, que pode ser a primeira nação a destruir o conceito de (Edmond) Burke, que um dia declarou que “Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la”. Acertos e erros! Se não conhecermos e aprendermos com a história passada, o que nos tornaremos no futuro? Talvez algo próximo de distopias do cinema.

  5. Aah, então diante desse fato, de que criminosos do passado são os criadores da cultura, espero, ironicamente, que o povo judeu erga no centro de Israel a estátua do Hitler, esse grande gênio europeu. Enfim, é evidente que ninguém faria isso, até porque só existe crime contra a humanidade branca, ao passo que relativo às pessoas pretas e indíginas não; relativo à gente pra vocês matar é cultura; mata-se em nome de um bem maior, o da civilização e portanto não crime e nem se quer lembra-se o crime.

    • Judeus são, em sua maioria, brancos, especialmente os europeus. A comparação carece de conhecimento histórico, além do óbvio bom senso.

      Como orgulhoso membro da nação Txucarramãe, sou totalmente contrário à ideia de esconder em algum buraco a imagem de quem invadiu nossas terras, destruiu nossas aldeias, escravizou nosso povo e ainda hoje tenta nos exterminar e destruir nossa cultura.

      Essas pessoas devem ficar o mais expostas possíveis para que sejam identificadas e reconhecidas. Ou vamos destruir igrejas e templos porque a religião, em diversas matizes, muitas vezes andou de mão dadas com escravocratas e exterminadores? Ou vamos destruir palácios porque foram construídos com o sangue e o suor de escravos, negros e indígenas?

      Não, o que precisamos não é esconder a história, nem implantar um revisionismo revanchista, mas contar, ao mesmo tempo, todos os lados dessa mesma história, para que as pessoas, munidas de informação, tracem um caminho melhor para o futuro, com base no conhecimento do passado.

      Normalmente, quem defende esconder a história ou reescrever verdades, quer escolher qual viés será escondido ou reescrito e não preservar os fatos.

      Próximo passo da insanidade: vamos queimas os livros de Monteiro Lobato, pois hoje ele é identificado como racista.

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