Obviamente, a ideia deste texto não é brincar com o grave e inaceitável problema da violência existente no Rio de Janeiro. A intenção é contar uma curiosidade histórica, que aconteceu em outubro de 1920. À época, o rei Alberto I da Bélgica, sua esposa, a rainha Elisabeth, e o filho do casal, o príncipe Leopoldo, vieram conhecer a cidade do Rio e participar de alguns compromissos diplomáticos no Brasil.
A família real da Bélgica ficou hospedada no Palácio Guanabara, em Laranjeiras. E foi lá que a possível primeira bala perdida da história do Rio de Janeiro bateu.
Enquanto se penteava perto de uma das janelas do Palácio, a rainha Elisabeth quase foi atingida por um projétil disparado por uma arma de fogo. Relatos históricos apontam que Elisabeth ficou em choque após notar que o disparo estourou na janela ao lado de onde ela estava.
“Acharam que o tiro teria sido dado por um anarquista, um carbonário, que eram pessoas que costumavam ter como alvos os monarcas – embora o rei e a rainha belgas fossem pessoas queridas. Só que depois foi descoberto que o tiro foi dado por um menino, de uns 12 anos, que estava caçando pássaros na região com uma espingarda. Detalhe que esse menino era filho do escritor Coelho Neto. Coelho Neto foi até chamado no Palácio para pedir desculpas. Depois de um tempo, o garoto virou jogador de futebol, jogou no Fluminense e foi até convocado para a Seleção Brasileira“, conta o escritor Ruy Castro.
Dias depois, a família monarca da Bélgica foi embora do Rio de Janeiro – não por causa do tiro, mas porque tinham outros compromissos em outras cidades do país.
O garoto era ninguém menos que Preguinho, craque do Fluminense e da Seleção nos anos 1920, um dos primeiros ídolos de nosso futebol.