Camelôs ilegais colocam fogo na Avenida Atlântica em ‘protesto’ contra ordenamento urbano

Bairro mais emblemático do Brasil sofre com desordem urbana e degradação da sua qualidade de vida. Moradores vivem entrincheirados

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Um grupo de vendedores ambulantes clandestinos realizou um protesto na Avenida Atlântica, em Copacabana, Zona Sul da cidade, na noite desta sexta-feira (6). No ato, foram erguidas barricadas com materiais inflamáveis que foram incendiados pelos camelôs. O criminoso “protesto” seria em razão das ações do poder publico municipal para o ordenamento público da região, que passaram a ocorrer após anos de abandono; uma mega operação semana passada ocasionou a apreensão de toneladas de material irregular em plena orla. A baderna incendiária ocorreu na Avenida Atlântica, junto à rua Bolívar.

Em 20 de abril, o Diário do Rio denunciou uma série de ações ilegais e de alto impacto negativo no ordenamento público do bairro praticados pelos ambulantes, que chegaram a ameaçar os moradores do bairro que reclamavam da baderna generalizada. Em pleno calçadão, da mesma via, era realizado uma espécie de Carnaval fora de época que arrastava uma multidão de pessoas até altas horas da madrugada, com venda de quinquilharias e comida de qualidade duvidosa bem na frente dos estabelecimentos comerciais da orla. Segundo testemunhas, isopores malconservados, bebidas feitas com água de procedência desconhecida e barulho altíssimo e insuportável eram as regras de tais eventos, que foi batizado de “Woodstock de Baixa Renda“.

De acordo com os relatos dos moradores, as caixas de som do evento ilegal eram viradas para os prédios de forma que o som reverberasse nos edifícios e as músicas de “péssimo gosto” fossem amplificadas, reduzindo a região mais turística da cidade a um baile funk ou rave sem licença a céu aberto. Ao serem interpelados pela desordem produzida, os comerciantes ilegais ainda colocavam a culpa do caos ambiental e sonoro nas costas dos comerciantes legalizados dos quiosques.

O desassossego da madrugada continuava pela manhã com a passagem da kombi do “sorvete a R$ 2 docinho” e da kombi do ferro-velho, ela mesma caindo aos pedaços, passando pelas ruas do bairro, entre às 7h e 8h, receptando material reciclável de usuários de crack que atuam na madrugada catando e, muitas vezes, furtando o que veem pela frente.

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A deterioração de Copacabana tem preocupado o vereador Rogério Amorim (PL), que vê o abandono do bairro mais conhecido do planeta com tristeza.

“Não conheço nenhuma grande cidade do mundo que trate seus bairros turísticos com esse desleixo com que a Secretaria de Ordem Pública trata Copacabana. O Rio, ao que parece, não tem um plano para a população de rua, que só faz crescer e tomar todos os espaços. Tampouco temos um plano para os camelôs e os flanelinhas. Todas essas são mazelas sociais com as quais a Prefeitura não consegue lidar. Mudei o escopo da audiência pública do dia 4 de maio, na Câmara dos Vereadores, seria para falar da cidade toda, mas agora será destinada a discutir as questões da Zona Sul“, disse o vereador ao Diário do Rio, na reportagem “Plebeia do mar” publicada em 6 de abril.

As cenas dantescas causadas pela camelotagem clandestina nesta sexta-feira à noite só demonstram a necessidade urgente de ações cada vez mais enérgicas por parte do poder público. O abandono de Copacabana não é recente. A situação vem se degradando década após década com alguns momentos de recuo, que nem de longe representam o refrigério que o cidadão local necessita. Como bairro turístico e de grande importância histórica para o Brasil, Copacabana deveria ser tratada com um mínimo de consideração, afinal de contas o turismo é a sua grande vocação é uma grande – imensa – fonte de retorno para a cidade.

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13 COMENTÁRIOS

  1. “White People Problems”

    Sem desmerecer os reais problemas, que existem. Lendo essa matéria com essa tom elitista, parece que só Copacabana sofre com essas mazelas e que merece atenção e tratamento especial por isso.

    As mazelas gravíssimas que existem na Maré, no Alemão, na Ilha do Governador, Ramos, Madureira, etc têm de esperar pq a “prioridade” é a Zona Sul, como sempre!

    E não é a Zona Sul toda, são as partes sem favela. Dane-se o que acontece no Pavão, na Rocinha ou no Vidigal. A população dessas áreas vulneráveis que lute ou morra pelo descaso e pela violência do poder público.

    Agora, fazer turismo na favela para gerar dinheiro com a pobreza e gentrificar os locais, pode!

    Essa “denúncia” é de gente branca e rica de bairro nobre. Só essas pessoas têm voz para serem ouvidas no que as incomoda. O “resto” dos moradores do bairro seguem desassistodos e abandonagos, DE VERDADE.

    • Primeiro que os moradores de Copacabana e outros bairros podem e devem exigir proporcionalmente que lhes cobram de impostos que são muitíssimos altos.
      Se você fizesse alguma pesquisa verificaria que as comunidades que citou, no que se refere ao gasto com segurança, tem senão igual até maior custo, e no projeto das UPPs (para citar um exemplo) batalhões de bairros quando não foram encerrados, tiveram seu efetivo reduzido, passado para as UPPs.

  2. É uma situação grotesca e de fato dantesca. Mas, de uma certa forma, por incrível que pareça, quem mora na zona sul e em áreas nobres no Rio tem mais é que se f… mesmo. Pois é nesses lugares que repousam os socialistas de M que tendo direito total de fala na mídia geral sempre defenderam esse lixo social que causa o caos no estado. De traficantes aos viciados e camelôs, todos são vítimas da sociedade e, portanto, não merecem ser punidos pelos crimes que cometem. Agora, que durmam com o diabo bem rente às vossas camas, ouvindo as mesmas músicas, gírias e baderna horrorosa que essa gente nojenta faz a séculos no resto estado. Agora vamos ver se suas opiniões mudam, ou se continuarão no discurso fofinho e relativista de sempre. Pimenta no r.bo dos outros é refresco.

  3. A discussão sobre esse assunto, que é tão importante, poderia ser discutida de maneira mais profunda. Pois acredito não ser o turismo nem os agentes econômicos os que mais perdem por conta dessa situação. Mas sim as pessoas. Os cidadãos. Que sobretudo vivem o bairro. Pois o Rio passa por Copacabana. Seja morando, a lazer, a trabalho ou a caminho de algum outro lugar próximo. Tinha que se ter no bairro um restaurante popular, um centro de referência de assistência social bem localizado e uma estrutura de segurança efetiva. Uma vez que as irregularidades não acontecem em horário fixo. Se desemprego e a questão do sustento fossem justificativas para se fazer protesto e botar fogo, em boa parte da cidade não haveria mais silêncio nem paisagem, destruída ou encoberta pelas labaredas

  4. A economia é a solução:
    – Taxa básica de juros a 13,75% (a maior do mundo)
    – Desemprego altíssimo
    – Empregos precarizados (“empreendedores” de app)
    – Renda percapta baixa
    – Salários desvalorizados (sem ganho real)
    – Insumos básicos extramentes caros (moradias, comida, transporte, etc)

    A solução não virá da “ordem pública”. Ela apenas administra o caos consequente da economia.

    Um policial decente o cacete em um vendedor de mate em uma área de extrema desigualdade social que é a zona sul em contraste com o resto da cidade não vai resolver nada.

    Essa situação será eterna enquanto a economia e desenvolvimento do país continuar sendo decidido pelas mesmas pessoas de 1500 ou de fora do Brasil.

    • Pode ter certeza que tem muito vendedor ambulante que não quer deixar o trampo porque tira muito mais. Há muito suor ali. Mas tiram muito mais que um atendente em mercado, recepcionista ou prestador de serviços de carteira assinada em geral.
      Até assisti matéria em telejornal de ambulante que comprou apartamento na quadra da praia assim.
      Vejo engraxate há 10 anos faz ponto na frente do mesmo restaurante. Três horas por dia. Mais de uma dezena. Alguns dão 10 outros dão 20 reais. Nunca é 5 reais pedidos. E assim se acomoda.

    • O o policial não fazer nada ajuda a quem?
      A quem interessa esse caos?
      Chegou a um ponto em que puxar a rédea é inutil. O cavalo ja esta no galope e não vai parar sem luta!

    • Coiy no cerne da questão. Sem falar no preconceito com a pobreza e a violência com os desassistidos, que demandam direitos.
      Muitos estão buscando formas de sobrevivência, num país capitalista periférico, com profundas desigualdades.
      Há uma total falta de solidariedade e acolhimento aos pobres. Um horror!

  5. Está faltando a mesma ação no centro da cidade. A rua Uruguaiana está intransitável. Será que o subprefeito “SHERIFE” não está vendo isso?

  6. Precisam começar a ser enquadrada essa situação em protestos de colocar fogo obstruindo vias como incêndio criminoso sujeitando a um maior rigor os autores

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