A Aliança Centro-Rio completa dois anos neste mês. Em celebração, promoveu nesta quarta-feira (08/11) a Conferência Centro-Rio, o maior encontro sobre revitalização da região. Realizado no prédio da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), o evento reuniu autoridades públicas, desenvolvedores imobiliários, comerciantes e síndicos de edifícios da região.
No encontro, foram debatidas as cinco principais iniciativas em andamento para revitalização do Centro. São elas: o Reviver Centro II, o Reviver Cultural, o Masterplan do BNDES para 75 imóveis públicos na localidade, as Áreas de Revitalização Econômicas (AREs), projeto pilotado pela Aliança Centro Rio, e a conversão de imóveis comerciais em mistos ou residenciais.
Segundo Marcelo Haddad, CEO da Aliança, o projeto é uma “associação que reúne as maiores empresas do setor imobiliário e proprietários de pontos comerciais e de serviços que, juntos, atuam pelo desenvolvimento do Centro do Rio com a missão de integrar diversas iniciativas na defesa de interesses comuns”.
Logo na abertura do evento, Josier Villar, presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Carlo Caiado, presidente da Câmara dos Vereadores, Cláudio Castro, sócio da Sergio Castro Imóveis, uma das fundadoras da Aliança Centro-Rio, e Alberto Szafran, subprefeito do Centro.
“Queremos devolver o potencial que o Centro tem, iremos reabitar o Centro. Teremos de volta o Centro que a gente sempre quis. Contem com a subprefeitura do Centro para isso”, disse Szafran.
“Precisamos assegurar que tenhamos ordem pública, segurança (que está sendo melhor com a segurança presente), é importante que tenhamos condições para ter policiamento ostensivo… Contem com a Associação Comercial. Criamos 25 conselhos empresariais, um deles é o do Centro da cidade. Nosso foco tem sido olhar o Centro. Se conseguirmos transformar o Centro em um lugar ideal para se viver, trabalhar e investir, será um presente para a cidade”, completou Josier Villar.
Cláudio André Castro destacou a importância de melhorar a reputação do Centro e que com pequenas atitudes é possível ajudar: “a abertura da igreja, uma pequena iniciativa, já movimentou muito o Centro da cidade”. Ele se refere à Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, que foi reinaugurada em junho, após ser reformada. Com a retomada das missas, foi notável o aumento no fluxo de pessoas na região. O empresário destacou a necessidade premente da cidade se livrar da camelotagem ilegal, que chamou de “câncer no tecido urbano”, e a quem culpou grandemente pelo ocaso do comércio na região, cobrando providências imediatas das autoridades sobre os crimes cometidos em pleno logradouro público pelos ambulantes, que “vendem mercadoria de procedência duvidosa e contrafeita”, mencionando também que alguns furtam eletricidade de postes e também jogariam esgoto nos bueiros de água pluvial. O empresário foi aplaudido ao criticar o home office dos funcionários públicos, que classificou de “trabalho fake” e “interminável”.
“Precisamos habitar o Centro agora, estimulando o comércio e combatendo a informalidade”, completou.
No primeiro painel, que contou com Fernando Costa, sócio-diretor da CITÉ Arquitetura; Rafael Carvalho Ramos, da Brix Participações e Investimentos; Flávio Wrobel, diretor da W3 Engenharia; Thiago Dias, subsecretário Executivo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação; e mediação de Cláudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio, foi discutido o tema “Os novos empreendimentos viabilizados pelo Reviver 2.0”.
Claudio Hermolin afirmou que é preciso explicar para o poder público os problemas e dificuldades, para que algo possa ser feito. “Muita gente reclama por reclamar, mas não toma nenhuma iniciativa para tentar solucionar”, disse, se referindo a quem reclama, mas não registra a queixa na Prefeitura.
Já Fernando Costa afirmou que antes do reviver centro, já existiam análises de projetos de Retrofit. Disse ainda que o Centro vai ter pluralidade: “não vai ser só imóvel social, mas também não só alta classe”.
No painel 2, que teve com tema “Os incentivos para o comércio e a valorização dos espaços públicos”, participaram: o vereador Pedro Duarte; Paulo Millen, Diretor GTIS Partners; Chicão Bulhões, secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico do Rio de Janeiro; e Osmar Lima, chefe do Departamento de Ativos Imobiliários Públicos do BNDES; mediados pelo arquiteto e urbanista Washington Fajardo.
Fajardo destacou como a cidade do Rio e, especialmente, o Centro podem ser encantadores: “o Rio tem o efeito de deixar quem chega aqui estarrecido. Cada cantinho do Centro tem esse efeito ‘uau’”.
Já Bulhões falou sobre a importância de desburocratizar a cidade. Segundo ele, “se a gente quer uma cidade que respeita a norma, a norma tem que ser acessível, sem burocracia extrema”.
Pedro Duarte complementou dizendo que são inúmeros problemas de campos distintos, como segurança, ordem pública, as burocracias, entre outros: “o que destrói o centro é um somatório de coisas, não é um único ponto específico”.
Já no terceiro e último painel, o tema foi “Como viabilizar as conversões de imóveis comerciais”, com as participações de Nathalia Lopes, advogada especializada em Direito Imobiliário e Urbanístico; e Marcelo Falcão, sócio da Somauma Arquitetos.
A principal orientação da discussão foi voltada aos síndicos: “se querem fazer mudança de uso, procurem a administradora e um advogado, para orientar como fazer o processo”.
A advogada explicou que o motivo é que não basta simplesmente mudar o uso, mas também é preciso retificar e autorizar esse uso com os síndicos.
Sobre a Aliança Centro-Rio
A Aliança Centro-Rio concentra mais 300 mil profissionais e 60 mil empresas, com faturamento de aproximadamente R$ 560 bilhões anuais, cifra que corresponde a 32% do faturamento da capital fluminense, segundo a agência Rio-Negócios. Agência, que é responsável pela condução dos trabalhos da Aliança, é uma entidade sem fins lucrativos que atua há 24 anos na promoção e captação de investimentos e geração de empregos para a cidade.
Participam do projeto 28 associados, entre empresas imobiliárias e importantes prédios do Centro do Rio, como: Opportunity, São Carlos, Sérgio Castro Imóveis, Multicentros Floriano, GTIS Partners, Kinea, GIC, Autonomy Investimentos, Mark Building, Engepred, Construtora Internacional, Menezes Côrtes, Previ, BR Properties, BSP Empreendimentos, Cury, Kinea, Centro Cândido Mendes, Innova, Shopping Paço do Ouvidor, Sloper Corporate, Sinduscon Rio, Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Rio de Janeiro (Seac-RJ), Edifício Linneo de Paula Machado, Edifício Bolsa do Rio, Confeitaria Colombo e Tishman Speyer.
Em primeiro lugar, sem segurança de verdade esqueça qualquer tentativa de recuperar a circulação de pessoas. E depois, as construtoras que se aproveitam e querem cobrar o m2 acima de 10k para unidades que não são de alto padrão, muito pelo contrário. quando for de alto padrão quanto será o valor do m2 20 k ?
Sendo assim, muitos investidores e compradores preferem procurar na zona sul.
Existem muitos locais do centro do Rio abandonados, sujos e perigosos. Não há interesse do poder público e a violência já dominou. É muito papo furado e interesses escusos. Os arredores da Central do Brasil é o retrato do abandono. É uma tristeza, só.
Não sei de onde tiraram esses 300.000 envolvidos. Já pedi para participar dos debates (sou microempresário e jornalista de turismo e cultura residindo no Centro há quase 20 anos), enviando inclusive mensagem ao Presidente da ACRJ via LinkedIn, e nunca tive resposta.
Mais BLA BLA BLA! Ouvir os moradores e pequenos comerciantes, que é bom, não ouvem. É sempre uma meia dúzia resolvendo fazer o que bem entender sem se preocupar em ouvir as sugestões de quem efetivamente vive no Centro.
Só está faltando ser feita uma Assembleia Geral da ONU para salvar o Rio
Uma das ações que melhorariam o centro é a mobilidade. Do CCBB até o metrô, por exemplo, é uma distância pequena, mas um grande deserto de pessoas. A praça XV, às noites do final de semana, um espaço fantasma, desintegrado de outros transportes. Uma boa ideia, também, seria fazer uma campanha para que as pessoas fizessem sugestões.
Tomara que o Centro do Rio volte a ser movimentado, cheio de lojas. É triste ve-lo tão esvaziado, com lojas antigas fechadas e pouca circulação de pessoas.