A crônica desta semana é sobre um fato triste. Os dias andam pesados no nosso querido e sofrido Rio de Janeiro e por mais que tentemos seguir a vida, fica difícil ignorar certos problemas.
Eu desisti de jogar futebol “profissionalmente” relativamente cedo. Acabei seguindo outros caminhos. Na idade desses meninos que morreram na tragédia do Ninho do Urubu, eu já estava com outros focos na vida e passei a bater bola só por diversão. Antes, eu tentei ser jogador profissional e passei por algumas escolinhas, núcleos e bases de clubes do Rio.
Neste período da minha vida, conheci, convivi e fiz amizade com muitos moleques do meio futebolístico. Meu irmão, meu primo e outras pessoas próximas viveram em condições parecidas com as desses meninos do Fla.
Anos depois, fui trabalhar com jornalismo esportivo e, muitas vezes, me reaproximei da rotina dos jogadores de base. São jovens que, devido à rotina de treinos e jogos, se afastam de suas famílias e amigos, perdem uma parte da juventude, se sacrificam em prol de um bem considerado maior.
É muito triste o que aconteceu no Flamengo. São meninos cheios de vontade de virar o jogo, quase sempre, as únicas esperanças que famílias extremamente pobres têm de vislumbrar uma vida mais digna. São sonhos encerrados e toda vez que um sonho acaba, a gente morre um pouco.
O que fica são os sentimentos bons e as lembranças positivas que esses meninos que partiram com seus sonhos deixaram. “Sonhos não envelhecem”, como diz a linda canção de Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges. Ninguém deveria morrer jovem. Tanta tristeza.
Que os sonhos desses rapazes e os nossos sirvam de combustível para que continuemos em frente em um momento tão doloroso para todos. Força!