Braços, pernas, corpos, disputam espaço. A brecha da porta de entrada do veículo se torna incabível para tanta gente. Uma vez que você tenta entrar fica quase impossível desistir da triste situação. A cena, que mais parece de ficção, é a realidade diária de milhares de usuários do BRT no Rio de Janeiro, sobretudo nos horários de pico. Pela manhã ou no fim da tarde, começo da noite, as pessoas se amarrotam nos ônibus em condições inaceitáveis.
“Depender do BRT é uma desgraça”, diz Nelza Souza, 55 anos, diarista, que precisa pegar o transporte em Guaratiba, sentido Barra, quando vai trabalhar em apartamentos no bairro.
Foi em Guaratiba que, nesta quarta-feira, 10/03, um BRT tombou na pista, deixando uma pessoa morta e mais de 30 feridas. O acidente aconteceu após um carro invadir o corredor exclusivo para os coletivos na Avenida das Américas.
Situação que é corriqueira, de acordo com o próprio Consórcio que administra o BRT. Segundo eles, só em 2020 foram 130 colisões do tipo, quando um carro invade a pista exclusiva para os ônibus. Todavia, esse está longe de ser o único problema do transporte.
A superlotação sempre foi motivo de críticas, no entanto, em tempos de uma pandemia que se espalha ainda mais com o contato entre pessoas, a situação se tornou desumana. “O BRT lotado como está é tudo o que o Coronavírus precisa para se propagar ainda mais“, destaca o médico sanitarista Douglas Di Azevedo.
A conta é simples: com menos ônibus nas ruas, mais lotados eles vão andar, porque a demanda por BRTs é grande. Um estudo feito pela Prefeitura da Cidade do Rio junto com a Secretária Municipal de Transportes (SMTR), divulgado no mês passado, mostrou que atualmente, a frota em operação corresponde a menos da metade da determinada.
Para este levantamento, SMTR informou que fiscais fizeram vistorias em 136 estações de BRT e nas garagens dos ônibus articulados. Foram encontrados apenas 199 veículos, em vez dos 413 estipulados na frota determinada, conforme previsto em contrato. O Consórcio BRT Rio alega que a frota disponível no fim de 2020 era de 306: oito foram queimados, 94 estão quebrados e falta capacidade financeira para a manutenção.
Antes de se acotovelar com outras pessoas dentro do BRT e ainda correr o risco de se contaminar com a Covid-19, é preciso entrar no veículo, e muitas vezes, como citado no início do texto, esse momento é quase uma cena de terror. No último dia 09/02, um adolescente de 12 anos foi pisoteado tentando entrar no transporte, na Estação Alvorada.
A violência não se limita ao desesperador empurra-empurra para entrar nos ônibus. Na última semana, o DIÁRIO DO RIO publicou uma matéria destacando o alto índice de roubos e furtos nos coletivos do Rio de Janeiro, o que inclui os BRTs.
“Eu já fui assaltada várias vezes no ônibus. Também já fui furtada. A gente anda com medo, esconde celular, carteira, bolsa”, conta Beta Costa, moradora da Zona Norte e usuária de transporte público, sobretudo BRT.
A Guarda Municipal destaca que realiza ações para coibir crimes nas estações do BRT e dentro dos veículos.
O caminho não é nada confortável. Em janeiro deste ano, foi noticiado em boa parte da imprensa do Rio de Janeiro que só a pista do BRT Transoeste tinha em torno de 400 buracos, fora as ondulações no asfalto. O Consórcio informou que vem agindo para solucionar o problema.
“Transporte de massas é sobre trilhos, como se pratica em boa parte dos países mais estruturados. É mais limpo, seguro, rápido e eficaz. Perdemos a chance de ampliar a malha de metrôs na cidade do Rio quando a opção foi fazer BRTs”, frisa o engenheiro de trânsito e professor Aldair Ribeiro.
No início deste mês de março, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, prometeu um processo de transição para assumir a gestão do BRT em até quatro semanas para que uma nova licitação possa vir a ser realizada. Seja qual for o rumo da decisão, do jeito que está não dá mais. “Depender do BRT é uma desgraça” é uma frase que ecoa pelas estações e ônibus enquanto as pessoas tentam ficar vivas.
Alguns anos atrás o Rio era repleto de ônibus, um caus diziam, mas tinha ônibus para todos, hoje vemos um corredor único para grande número da parcela da população sem as mínimas condições de comodidade. Não foi por falta de aviso às autoridades, em o sistema adequado seria o metroviário, não deram importância, hoje vemos o caus instalado. É vergonhoso ver homens públicos governares essa cidade tão conhecida mundialmente fazerem uma aberração dessas, pessoas que estudaram, políticos, mas que não sabem absolutamente nada de governança. Isso não é amor pelo Rio é desprezo por uma coisa tão simples, amar a cidade e esse povo. É muito triste.
O maior erro foi não expandir o metrô da forma como deveria. Facilitando a comunicação entre regiões distantes, porém, entrecruzandoas linhas em diferentes pontos. E complementado com transporte rodoviário, táxis e alternativas como bicicletas e patinetes… Não como uma linha como fizeram. Se ao menos o projeto original fosse respeitado já seria alguma coisa melhor. Mas ainda tiveram a ideia de colocar parte da Linha 2 aproveitando os trilhos da Linha 1 com a Linha 4 (ihh nem sei explicar o que liga o que)