Edifícios Manchete e Ventura são vendidos a fundo canadense em pacote de R$ 5,9 bilhões

A transação - que deve ser a maior do ano - envolveu mais 9 prédios além dos emblemáticos Manchete e Ventura. O grupo canadense investe no Brasil há mais de 100 anos.

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No Rio de Janeiro, uma das unidades vendidas foi o belíssimo prédio da Rede Manchete / Reprodução: Internet

Contrariando a tão falada e pouco comprovada tendência de recuo do mercado imobiliário nacional, a empresa BR Properties foi bem sucedida na venda de aproximadamente 80% do seu portfólio a um fundo da canadense Brookfield (antiga Brascan, a empresa foi dona da Light e dos bondes no Rio no início do século XX). Além dos emblemáticos edifícios Manchete (na Glória) e Ventura, no Centro, Foram 09 prédios e dois terrenos transacionados por R$ 5,9 bilhões. Tanto o Manchete quanto o Ventura são prédios belíssimos de última geração e com vistas deslumbrantes da paisagem carioca. Com a venda, a BR Properties se desfez de grande parte do seu portfólio de escritórios. As informações são do Brazil Journal.

Entre os imóveis vendidos estão unidades de valor histórico e de alto padrão no mercado de escritórios brasileiro e carioca. Foram mais de 385,4 mil m² de área em edifícios comerciais e mais dois terrenos de 9,3 mil m² de área locável, no Rio, em São Paulo e em Brasília. Foram 11 torres comerciais negociadas, sendo 7, em São Paulo; 3 no Rio; e 1, em Brasília.

No Rio de Janeiro, foram vendidos: o Edifício Manchete, na Glória, Zona Sul; e o Ventura, duas torres de alto padrão na Avenida Chile, no Centro. Em Brasília (capital) foi comercializado o Edifício Brasília. Já, em São Paulo, foram vendidas uma das torres do JK Iguatemi, onde a Brookfield também está comprando o edifício Panamerica Green Park, a Torre A do conjunto Nações Unidas, além de torres no Parque da Cidade.

O edifício Manchete, na rua do Russel, é um ícone do modernismo carioca, encomendado por Adolfo Bloch ao arquiteto Oscar Niemeyer e foi terminado em 1965, para sediar a Rádio e a Revista Manchete. Posteriormente, foi sede da Rede de televisão do mesmo nome; era ornamentada por obras de arte dos maiores nomes do modernismo brasileiro, que posteriormente foram objeto de um grande leilão quando do ocaso da instituição.

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Tinha duas entradas separadas: uma para a Revista Manchete e outras publicações impressas da Bloch Editores e outra entrada para Rádio Manchete e para a Rede Manchete de Televisão. O Edifício Manchete tinha um ”’M”’ gigante, que estava no topo do prédio. 

A compra dos prédios, que foi feita em dinheiro, supera em mais de um quarto o valor de mercado da empresa BR Properties na Bolsa, que é de R$ 4,6 bilhões. Foram pagos 70% do valor no ato, com os 30% restantes a serem quitados nos próximos 12 meses. A transação, no entanto, mostrou um outro lado: o recuo da ADIA, fundo soberano de Abu Dhabi, que é dono de uma parte do capital investido pela BR Properties. Após seis anos de investimento no ativo, a ADIA decidiu sair do negócio. Na última semana, o seu grupo de equities, dedicado à América Latina, foi desmontado e as suas posições, em mais de 30 companhias, listadas na B3 foram zeradas.

A transação da BR Properties acontece em um contexto, no qual a ação da companhia é negociada com um desconto de 30% no que diz respeito a seu net asset value – o desconto era de 50% há uma mês. A BR Properties encerrou as suas atividades, na terça-feira (17), valendo R$ 4,7 bilhões na Bolsa de Valores. Em 2012 a BR Properties havia vendido o Shopping Paço do Ouvidor, na rua do Ouvidor, a um grupo de investidores liderado pela Sergio Castro Imóveis.

Segundo o site Brazil Journal, o portfólio total da BR Properties será de 380 mil metros quadrados, entre galpões logísticos, prédios (como o Passeio, no Centro do Rio) e terrenos. A informação foi confirmada em fato relevante da BR Properties na Bolsa.

Em outubro do ano passado, a Brookfield concretizou a maior transação imobiliária do ano, quando pagou R$ 1,77 bilhão por partes de 4 edifícios de alto padrão, na Av. Faria Lima, coração financeiro da capital paulista. Foram incorporados ao patrimônio da empresa áreas dos prédios da Faria Lima Square, JK 1455, Miss Silvia Morizono e FL Financial Center, todos vendidos pela SYN, novo nome da Cyrela Commercial Properties.

A transação gerou ainda outros dividendos. Com o vazamento das informações relacionadas ao negócio, as ações da empresa passaram de aproximadamente R$ 9 para mais de R$ 9,70 –  uma alta de 5,6% -, nos últimos minutos do pregão.

O aquecimento do mercado de escritórios, após a grande ‘tempestade’ da Covid

Durante a pandemia, a ação da BR Properties chegou a valer R$ 16 no começo de 2020 e passou a ser negociada abaixo dos R$ 10, em decorrência da tendência de uso do home office, hoje já bastante arrefecida e substituída pelo trabalho presencial e híbrido, dando de novo uma força às locações de corporativos de alto padrão.

Os tempos são de esperança no Centro do Rio, hoje. Nasceu o projeto Reviver Centro, construtoras como a paulista Cury têm vendido como água suas (compactas) unidades residenciais na região, os grandes proprietários de imóveis comerciais na localidade comemoram o arrefecimento da pandemia – e com ela, o rápido declínio do home office – e até se juntaram numa associação que congrega as maiores empresas do Centro com intuito de promover a atração de empresas e empregos para a região. Os servidores da justiça retornaram ao trabalho recentemente. Os restaurantes no Centro já estão quase intransitáveis e têm filas novamente. Notícias dão conta da piora do trânsito na região – e trânsito só piora quando tem mais gente na rua.

O diretor de locação comercial da Sergio Castro, Lucio Pinheiro Buenos Ayres, reafirmou o que foi dito em recente matéria do DIÁRIO sobre o aumento da demanda por imóveis corporativos de alto padrão.  “Com a grande vacância causada pela crise econômica e pela pandemia, todos os imóveis baixaram de preço, inclusive os de alto luxo e tecnologia. Então, com valores que anteriormente colocariam uma empresa num edifício médio, hoje se consegue um prédio de categoria AAA“. Pinheiro disse que este bastante animado com o trabalho de promoção da locação de andares em edifícios de alto padrão. “A procura hoje é de prédios de luxo com valores competitivo. E o Serrador e o Mesbla, que estão a nossos cuidados, são mais que prédios de luxo e mais que edifícios com vista. Têm preços muito competitivos. Sem contar que sua posição no Centro é praticamente na Zona Sul, na cara do aterro“. O corretor disse que sua empresa tem se especializado em imóveis com características especiais e históricas, e disse que tem outras opções em prédios tão famosos quanto o Serrador e o Mesbla, na rua do Passeio, para quem precisar de espaços menores. E garantiu: “com a mesma vista“.

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