Emanuel Alencar – Caso das girafas: 1.250 dias de agonia

Os animais, da espécie Giraffa camelopardalis, foram trazidos da África do Sul em 11 de novembro de 2021, num processo de importação que gerou uma investigação da Polícia Federal.

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Fotos do laudo feito pela Polícia Federal em 2022

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A importação de girafas para o BioParque do Rio (antigo Jardim Zoológico da Quinta da Boa Vista), caso que se tornou um intrincado enredo, repleto de conflitos e idas e vindas, já dura 1.250 dias. E o desfecho ainda deve demorar. Embora o Ibama tenha assumido a guarda dos animais há cinco meses, o destino de 14 das 18 girafas – quatro morreram – deve ser algum zoológico nacional ou o próprio Portobello Resort & Safári, em Mangaratiba (RJ), onde os bichos aguardam um destino. Dois funcionários do BioParque do Rio de Janeiro e dois servidores públicos foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por supostas irregularidades e maus-tratos aos animais. As multas ao BioParque ultrapassam R$ 4 milhões – e a instituição já avisou que não quer mais as girafas.

Os animais, da espécie Giraffa camelopardalis, foram trazidos da África do Sul em 11 de novembro de 2021, num processo de importação que gerou uma investigação da Polícia Federal. O Ibama assegura que a legislação permite a importação das girafas, e que tudo seguiu os ritos legais. A grande polêmica começa em 2022, a partir da morte do primeiro animal, no Portobello Resort & Safári. Mais duas faleceriam em seguida. A quarta morte foi registrada em julho de 2023. Os laudos da necropsia apontaram que os animais sofreram antes da morte, apresentando hematomas, lesões pulmonares e coágulos cardíacos. Ao chegarem ao Brasil, os mamíferos ficavam confinados em pequenos cubículos de 30 metros quadrados – inadequados, segundo o próprio Ibama, para seus plenos desenvolvimentos.

“O Ibama está agora fazendo vistorias dos locais que possam receber esses animais, no Brasil, como zoológicos de Goiás ou Mato Grosso ou mesmo o Portobello. Creio que isso ainda demore 30 dias. Mas enviá-los de volta para a África do Sul está descartado, porque o país argumenta que não houve ilegalidade no processo”, diz uma fonte do órgão ambiental do governo federal. “Os bichos agora estão adultos e saudáveis, com os machos separados das fêmeas, recebendo o tratamento adequado no Portobello“, assegura.

O Grupo Cataratas, responsável pelo BioParque, também nega irregularidades na importação. Acabou perdendo a guarda das girafas e já avisou que não quer mais ficar com os bichos. Todo o processo é contestado pelo biólogo Mauricio Forlani, gerente de pesquisa da Ampara Silvestre, que atua na área do bem-estar animal:

“A transação importou 18 animais de vida livre. Não existe nada pior, pensando no bem-estar dos animais, do que impedir que vivam livres na natureza. Está mais do que claro que essa importação teve foco no comércio dos animais, e não na sua conservação”, escreveu, em artigo no portal O eco, em 9 de fevereiro de 2022.

Enquanto o processo anda na justiça, as 14 girafas aguardam um lar. Já são 1.250 dias de agonia. Que na novela não se estenda muito mais.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Não houve ilegalidade no processo segundo o país de origem porque lá existe a possibilidade de retirar um animal do seu habitat e sua exportação para Zoológicos do mundo.

    A documentação indicou tratar-se de animais retirados do habitat natural, na condição, portanto, de selvagens.

    Já pelo lado daqui, o BioParque em nada demonstrou que se trataria de fim científico e um planejamento nesse sentido. Mais teria ficado claro que somente o fim seria a exibição.

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