A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é a desordem gastrointestinal de maior prevalência mundial. A microbiota intestinal de indivíduos com SII parece ser bastante instável e em constante modificação. O intestino apresenta um distúrbio de motilidade podendo variar entre diarreia e constipação. E as mulheres são mais propensas a desenvolver a SII do que os homens.
Pacientes portadores da SII apresentam alteração na microbiota intestinal, com redução no número de bifidobactérias, que são bactérias probióticas e aumento das enterobactérias, bactérias patogênicas. Devido à disbiose intestinal e ao aumento da fermentação, os indivíduos apresentam sinais de dor e distensão abdominal acompanhado de outros sintomas como cólicas, gases e flatulências, constipação, diarreia ou alternância entre os dois estados.
Alguns gatilhos podem desencadear ou agravar o quadro, como má alimentação e qualidade de vida; intolerância ou alergias; saúde mental; alterações hormonais e historia familiar.
Há uma forte ligação entre problemas emocionais, como estresse, ansiedade e depressão com o surgimento da SII ou o agravamento dos sintomas.
O tratamento é baseado na alimentação e no estilo de vida, assim como terapias para o controle das emoções através de apoio psicológico, meditação, respiração e mindfulness.
A primeira estratégia para controle do SII é retirar os possíveis causadores da inflamação no intestino, potenciais alimentos alergênicos, como os laticínios e o glúten. Remoção de xenobióticos, através de uma dieta livre de agrotóxicos, pesticidas e aditivos alimentares.
A dieta lowfodmaps é ótima estratégia para a fase inicial do tratamento, com a exclusão de alimentos fermentativos como os feijões; vegetais enxofrados como brócolis, alho, alho poró, cebola, couve, couve flor; algumas frutas como maçã, manga, melancia, ameixa e abacate; além de alimentos irritativos para a mucosa intestinal como a cafeína e a pimenta.
Alto consumo de proteína animal, frituras e excessos de bebida alcoólica são inflamatórias para o intestino, devendo ser evitadas até a melhora dos sintomas gastrointestinais. Assim como adoçantes da classe dos polióis, como xilitol, eritritol e maltitol, altamente fermentativos podendo piorar o quadro de distensão abdominal. Se necessário adoçar, utilizar Stévia ou Monk fruit.
Maximizar a frequência evacuatória para diminuir o tempo de contato das toxinas com a mucosa intestinal, através de uma ótima hidratação e um consumo adequado de fibras solúveis que auxiliam na melhora da microbiota. O farelo de arroz, a semente de linhaça e o suco de aloe vera são excelentes na melhora da digestão e evacuação.
Outra estratégia interessante é a introdução de chás que melhoram a função digestiva, como alecrim, sálvia, canela, erva doce, hortelã, gengibre, camomila. Abacaxi e limão são fontes de enzimas digestivas capazes de estimular a produção de ácido clorídrico, melhorando a digestão proteica, frequentemente a mais comprometida.
A mastigação eficiente é o hábito mais importante a ser trabalhado quando o assunto é a melhora da função gástrica e intestinal. As moléculas precisam ser degradadas para serem melhor digeridas e absorvidas. Comer com calma em todas as refeições, jantar cedo, por volta de 19:00 ou 20:00 horas, evita a sobrecarga do processo digestivo e previne a inflamação intestinal.
A falta de um sono reparador é uma das maiores causas de estresse emocional e desequilíbrio das funções orgânicas. Ter uma rotina noturna que permita o descanso suficiente garante ao organismo modular a inflamação e o estresse e favorecer o processo de destoxificação hepática e intestinal. Dormir bem é a melhor estratégia detox!
O uso de probiótico pode ser necessário para reequilibrar a microbiota intestinal quando os sintomas gastrointestinais estiverem melhores. No início do tratamento talvez piore o quadro de dor e distensão abdominal provocado pela colonização dos microorganismos vivos. Importante avaliar individualmente.
A Síndrome do Intestino Irritável é tratável e depende muito do envolvimento do paciente com a melhora do padrão alimentar e do estilo de vida. Além do controle emocional tão relacionado com o desenvolvimento do distúrbio.