Após o anúncio do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), de que há a intenção de se realizar um Carnaval fora de época em setembro em Paquetá, bairro da região central da capital fluminense, mediante a vacinação em massa contra a Covid-19 nos moradores locais maiores de 18 anos, justamente como evento-teste em relação aos efeitos do estudo, os habitantes da ilha não aprovaram a ideia.
”A gente está vivendo um momento terrível. Não temos nada para comemorar. Não vejo motivo para comemorar, muito menos com Carnaval e com essa situação que a gente tem vivido nesses 15 meses aqui na ilha”, diz Cris Campos, moradora de Paquetá.
Em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Prefeitura do Rio marcou para o próximo domingo (20/06) o início de um processo de vacinação em massa que visa imunizar todos os moradores de Paquetá que tenham 18 anos ou mais. Ele servirá como um estudo para o município sobre os efeitos pós-aplicação.
A ideia é que, até o final de agosto, todos os habitantes da ilha já tenham tomado a segunda dose da vacina. Vale destacar que o plano é à parte do calendário oficial de imunização existente no restante da cidade e que o Poder Executivo Municipal ainda não divulgou como fará o controle de acesso a Paquetá no dia do Carnaval fora de época, uma vez que só quem mora na ilha poderá participar.
Isso, inclusive, preocupa alguns moradores locais. ”É claro que não vai ter como garantir que só vão vir os moradores. E, mesmo que fossem só os moradores, imagino que um evento-teste não se faz dessa maneira. A gente recebeu isso muito mal”, afirmou Leonardo Couto, de 37 anos, morador da ilha há 8 anos.
Ele reclama também do tom de festividade adotado por Eduardo Paes em relação ao assunto e diz que não há motivos para comemorações. ”Se a ideia é fazer um evento-teste, ele [Paes] precisa anunciar como um evento-teste, e não como um Carnaval. O anúncio como um Carnaval é descabido nesse momento de pandemia e até desrespeitoso com tudo que a gente está passando”, concluiu.
Vale ressaltar que, embora a Prefeitura já tenha divulgado que a intenção é realizar o evento em setembro, ainda não há data agendada para tal. O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, inclusive, garante que o teste só acontecerá caso não haja nenhum caso de infecção pela Covid-19 entre os moradores da ilha no período de 14 dias após a aplicação da segunda dose.