‘Não vou deixar o Rio se transformar no Centro de São Paulo’, diz Paes sobre projeto de internação compulsória

Declaração do prefeito do Rio foi dada após a ideia ser alvo de críticas por entidade de classe e deputados de extrema esquerda

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Após se tornar alvo de críticas ao dizer que pretende implementar um programa de internação compulsória para usuários de drogas, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou que o projeto está sendo desenvolvido. Em entrevista depois da reabertura do Cais do Valongo, na Zona Portuária da cidade, Paes disse que não permitirá que o Rio se transforme “num Centro de São Paulo, numa cracolândia”.

“Ninguém viu o plano ainda. Eu estou discutindo com o secretário (Daniel Soranz, da Saúde), ele está me apresentando. Não dá pra ficar contra uma coisa que a gente não viu. A gente vai agir dentro da lei, agora eu não vou assistir passivamente as pessoas morrerem nas ruas de drogadição. Tivemos casos recentíssimos no Rio, mais do que vocês imaginam. Eu não vou deixar o Rio de Janeiro se transformar num Centro de São Paulo, numa cracolândia, aquilo é uma cena inadmissível. A gente quer sacudir esse debate mesmo no Brasil. A cena da cracolândia que a gente vê em São Paulo não pode ser normalizada”.

Quintino – Eduardo Paes vai realmente fazer internação compulsória dos usuários de drogas? Acho que não

Dados Secretaria Municipal de Assistência Social, divulgados pelo jornal O Globo, msotram que entre julho e novembro deste ano o Sistema de Monitoramento de População em Situação de Rua registrou apenas em Copacabana e no Leme, na Zona Sul, 6.196 atendimentos a pessoas em situação de rua. O número é alto, mesmo levando-se em consideração a observação que um mesmo indivíduo em situação de rua pode ter sido abordado mais de uma vez durante o período. Em Botafogo, foram 1.483 atendimentos no mesmo período.

Na noite de quarta-feira (22/11), a Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e da Luta Antimanicomial da Alerj – presidida pelo deputado Flávio Serafini do PSOL e com membros como Renata Souza (PSOL) e Carlos Minc (PSB) – realizou plenária virtual tendo como tema a proposta de Paes. Ao fim da reunião, ficou marcada a realização de um ato no próximo dia 29 com leitura de uma espécie de manifesto contrário ao projeto.

Em nota, o Conselho Regional de Psicologia também se posicionou contrário a ideia:

“As medidas de internações forçadas em massa, de acordo com inúmeras publicações científicas e a partir das experiências anteriores promovidas por esta mesma prefeitura, estão em desacordo com as tecnologias do campo da saúde que garantem-se cuidados efetivos”. O texto destaca ainda a falta de investimento na rede de atendimento e considera reduzido o número de “CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), Consultórios na Rua e Unidades de Acolhimento, em relação ao contingente populacional”.

Membro fundador da Aliança Centro Rio, o empresário Claudio André de Castro, da Sergio Castro Imóveis e do Shopping Paço do Ouvidor, aplaudiu a decisão do prefeito, que considera mais que necessária: “Todos sabemos que há uma certa política partidária que orienta estes órgãos de classe que se pronunciam contra a única solução possível para o Centro do Rio e para bairros como Copacabana. Chega de estupro de mulheres nas calçadas dos bairros por viciados em drogas. Chega de ler no jornal todo dia que 200 facas foram apreendidas na mão de adictos com 20, 30 ou 50 passagens pela polícia. Estas pessoas precisam de tratamento, e não têm discernimento pra decidir sobre si próprias. É para isso que serve o Estado”, disse.

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14 COMENTÁRIOS

  1. O prefeito Eduardo Paes vai encarar uma eleição muito difícil este ano. Mas parece não estar preocupado. Na Zona Sul, mas precisamente no Leblon, não se vê nenhuma ação da prefeitura quanto ao problema dos moradores de rua, mendigos, desocupados, rapazes com caixa de balas na mão que disfarçados de vendedores te abordam na rua de forma agressiva e ameaçadora e te exigem dinheiro, rapazes que roubam na orla da praia, infestação de camelôs nas calçadas, ruas sujas, calçadas esburacadas, moradores de rua fazendo algazarra e bagunça durante a madrugada e que te impedem de dormir.
    Estas pessoas ficam à vontade para fazer o que bem entendem.
    Resumindo: bagunça generalizada!
    A prefeitura nada faz para resolver este problema.
    Prefeito, quando perder a eleição, não chore.

  2. Essa matéria é preconceituosa, acha que todo morador de rua é drogado, o que é totalmente mentirosa, preconceituosa e de gente que não conhece a realidade da cidade que mora.

  3. Já ouviram falar da ‘Crise do ópio’ na China do final do século XIX, início do século XX? A tragédia social que se abatia sobre o país devido ao modelo colonial imposto pela Inglaterra levou a um verdadeiro flagelo da população chinesa mais vulnerável. Foi preciso uma revolução e o fechamento do país para acabar com o problema, e levou anos para obterem sucesso.

    Por mais que no Brasil ainda não estejamos num quadro parecido com aquele, a experiência chinesa nos ensina que é preciso um Estado forte e atuante, impulsionando a atividade econômica, ampliando programas sociais que amparem a população e reduzam o abandono do povo. É preciso investir na população e diminuir o abismo social, pois o resultado da injustiça no final é péssimo para todos, mesmo para quem mora em apartamentos bem decoradinhos na Zona Sul e dirija carrinhos cheios de parafernália tecnológica.

    Só repressão não vai evitar reincidência e menos ainda que mais pessoas caiam desamparadas nas ruas. Há que se agir para estancar a hemorragia e, PRINCIPALMENTE, que não volte a acontecer.

  4. Extrema esquerda, Altair? Gente que entende e estudou muito o assunto, muito mais do que eu e você juntos, tenha certeza, irmão. Independente de posição política, cara. Isso é assunto de saúde, não dá para politizar, como parece que o Eduardo Paes quer fazer. Não cai nessa não, muda aí esse termo.

    • Para a Extrema Direita é zero conveniência com o social, portando da ótica da Extrema Direita o mínimo de um olhar social é taxado como extrema esquerda.

      Sim, é loucura, mas o referencial deles é esse.

  5. podem internar compulsoriamente, descompulsoriamente e qualquer “mente” que não vai resolver. o processo de abandonar o uso parte da própria vontade do usuário. interna -> desinterna -> volta. e também não vão acabar com o tráfico. porque não tem poder e mesmo se tivessem não o fariam. essa é uma guerra perdida.

    essa internação compulsória nada mais é que uma forma disfarçada de tirar o meliante temporariamente de circulação, principalmente nas festas e períodos de maior afluxo de turistas. como se fazia antigamente com os mendigos nos hospitais psiquiátricos.

    e pensando bem, nestas pseudo clínicas de apoio, com gente sem competência técnica “tratando” dependentes, com o tradicional “sai capeta” ou impondo disciplina pseudo-militar, o resultado será pífio.

  6. E tá errado?

    São Paulo tem uma latrina em pleno centro. O prefeito invisível e o governador com cara de caixa de areia de gato revirada não tem solução pra isso. Ficam movimentando a cracolandia de uma rua pra outra.

    Aqui tem prefeito, tem estado. Dudu tem razão.

  7. No mundo desenvolvido em que criminalizada a posse de drogas mesmo para uso (dependendo da classe da droga tem diferentes abordagens) para o usuário dependente daquelas substâncias proibidas que sujeita a uma pena tem para suspensão desta pena a aceitação de entrar no programa de desintoxicação que envolve não raras vezes a internação.

    E cometer qualquer crime sob efeito de qualquer droga proibida é qualificadora do crime. Ou seja, a reprimenda é maior.

  8. Está na hora de tirar do Judiciário o poder de decidir se uma pessoa tem ou não que ir para internação.

    Aos médicos – e somente a eles – cabe decidir pela internação de pessoa por questão de saúde para salvar a vida do indivíduo, bem como eliminar o risco para segurança de outros.

    Não é possível mais tolerar indivíduos cometendo crimes para sustentar o próprio vício, além da degradação situação humana, há o risco de progressivo aumento principalmente considerando as novas superdrogas.

    • Deputados e senadores no congresso em Brasília, devem se reunir para aprovar mudanças nas leis, de forma urgentíssima e assim permitir a internação dos viciados. Eles devem ser retirados das ruas para que os cidadãos tenham a sua tranquilidade de volta. Clínicas para o tratamento de drogados devem ser reformadas e construídas.

  9. O ideal é o tratamento quando o paciente quer mas a realidade é que raramente quer e gera problemas para a cidade e o povo , então que seja compulsório e humano.

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