Onda de invasões a imóveis preocupa proprietários

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Os dois imóveis do centro foram invadidos por um grupo de quase uma centena de sem-tetos

Que a situação de todos neste momento tem tido setbacks, não é novidade. A diminuição do fluxo de pessoas andando pelas ruas e trabalhando todos os dias tem realmente causado uma crescente sensação de insegurança, e uma quase certeza de impunidade. E com isso tudo, houve um aumento nas invasões e esbulhos de propriedades alheias, em todas as zonas da cidade.

Em Botafogo, nas proximidades do cemitério São João Batista, diversas lojas têm sido alvo de arrombamentos e invasões por viciados em drogas e moradores de rua. Na região Central, a situação é muito mais grave, pois as invasões acabam tendo caráter permanente, numa ação oportunista, por conta da pandemia do novo coronavírus.

Uma antiga escola no Centro, na Rua Washington Luiz 36/40, foi alvo de uma destas invasões oportunistas. Os proprietários, dois comerciantes, tiveram que despejar, por falta de pagamento, a escola que funcionava no local. A escola, ao deixar o imóvel, causou grandes prejuízos aos donos, que tiveram de pagar anos de IPTU atrasado, e ainda tiveram o imóvel parcialmente destruído.

Desde então, vêm anunciando o imóvel para venda ou aluguel, sem sucesso. “O problema foi o momento econômico do Rio de Janeiro“, disse ao DIÁRIO Marcos Queiroga, Diretor Regional da Sergio Castro Imóveis na região central do Rio. A empresa foi contratada pelos donos do imóvel para alugar ou vender a propriedade, “o que vier primeiro“, completou Queiroga.

Indagado pelo DIÁRIO sobre os valores pedidos pelo imóvel, é surpreendente saber que dois imóveis tão espaçosos não foram alugados por apenas R$ 8.000,00 reais, que era a pedida. “Não se trata de especulação, não, os proprietários pedem um valor mais que justo pelos prédios, também para venda”, garante Queiroga.

Mas a questão é que agora o problema é outro. Liderados por um ex-traficante de drogas chamado Sergio Teixeira, que hoje é camelô, quase 100 pessoas invadiram o imóvel, e hoje o ocupam. “Estão lá desde 2 semanas atrás, mas estão inventando que é desde dezembro“, disse um vizinho, que pediu pra não ser identificado. “Estão falando que querem usucapião“, disse.

O imóvel, que não tem luz nem água – por culpa da escola despejada, que deixou o imóvel sem pagar conta alguma – agora é a moradia destas 100 pessoas, que incluem pessoas de todas as idades, inclusive crianças na primeira infância e gestantes.

Como o prédio é grande e tem até quadra de esportes, o clima dentro da invasão não é dos piores, apesar de haver pessoas amontoadas em cômodos, numa situação exatamente oposta à que se recomenda hoje, em tempos de isolamento social. Com certeza, o local,sem água e luz, se torna neste momento um extremo risco de contaminação para os que lá residem.

O DIÁRIO verificou junto a prefeitura, e os imóveis não são tombados. Além de estarem para locação, se vendidos podem ser demolidos e no local ser construído um prédio de até 12 metros de altura (4 andares). Cientes ou não desta informação e do prejuízo que causam aos proprietários, os moradores disseram à reportagem do UOL Notícias: “Só sairemos daqui mortos“.

Especialista em locações imobiliárias, o corretor de imóveis André Toledo, da Block Imóveis, disse ao DIÁRIO que “é preciso ter cuidado redobrado com imóveis vazios no momento que estamos vivendo. São inúmeras as ligações que nossa administradora está recebendo. Aconselho os proprietários de imóveis vazios a contratar vigias ou baixar drasticamente os preços, para que os imóveis vazios sejam ocupados o mais rápido possível, antes de ocorrerem invasões.

Segundo Queiroga, a polícia esteve no local e os proprietários estão tomando as providências “previstas na lei”. O imóvel continua disponível pra venda e locação.

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10 COMENTÁRIOS

  1. […] Na Rua do Catete, uma coleção tão deprimente quanto colorida de placas de Vende-se e Aluga-se se acumula em diversos prédios comerciais, em sequência. “Quem não baixar o valor do aluguel, vai ficar meses pagando IPTU e condomínio“, disse André Toledo, da Block Imóveis. O diretor de locações comercialis da Sergio Castro Imóveis, Lucio Pinheiro, foi bem taxativo: “Proprietário que não faz acordo neste momento de pandemia pra evitar perder inquilino só pode estar fora da realidade. Cada mês vazio, além do aluguel que não entra, tem que sustentar as taxas e condomínio, sem contar o risco de invasão. Aqui na empresa tivemos 9 tentativas de invasão a imóveis da carteira este mês. O proprietário só pode tirar essa onda se o seu imóvel for realmente no melhor ponto comercial de um bairro“, sentenciou. Sobre as invasões, o próprio DIÁRIO chegou a noticiar aqui. […]

  2. […] continua preocupante. Casos como as lojas invadidas em Botafogo na última semana, e mesmo a escola que foi invadida por 100 pessoas na Lapa, e que noticiamos aqui, vêm se repetindo com freqüência cada vez maior. Além disso, relatos do programa Balanço […]

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