Os últimos dias de abandono e violência da Uruguaiana, prestes a se livrar da camelotagem ilegal

Onda de criminalidade, bagunça e desordem continua mesmo com o anúncio da remoção dos camelôs do local. Os ambulantes chegaram a ameaçar atear fogo num shopping da região

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Considerada uma versão Centro da Feira de Acari, a Rua Uruguaiana já se tornou um exemplo clássico de como a desordem urbana logo reflete em violência e criminalidade; um câncer que traz consigo a metástase urbana. Segundo o prefeito, a bagunça está com os dias contados, mas, pela internet, pessoas ainda fazem relatos de furtos de pessoas bem vestidas na esquina com a Avenida Presidente Vargas, no perfil Rio de Nojeira. A sensação de insegurança do “mercado andino” – apelido nada carinhoso dado ao caos de camelôs vendendo mercadoria falsificada, roubada e sem controle algum de qualidade – ainda permanece.

Os crimes, segundo a publicação, estariam ocorrendo em pontos de ônibus, em frente a uma lanchonete de fast food, espremida entre ambulantes que gritam e estendem lonas pavorosas pelas ruas e até no alto, e também teriam como alvo motoristas que trafegam no local. “Estão andando bem arrumados, para disfarçar que são ladrões. Abrem porta dos carros e roubam celulares“, denuncia a postagem. Os bandidos se misturam aos camelôs ilegais, numa rotina de desordem urbana que só traz malefícios, e que afasta consumidores e leva lojistas à falência.

Recentemente a Praça de Alimentação do Shopping Paço do Ouvidor fechou suas portas. Os lojistas que entregaram as chaves e abandonaram, deserta, a praça no subsolo refrigerado, seguro e limpo, culpam os camelôs. “É muito caos. Ninguém mais quer andar aqui. Morrem de medo. Compra-se ouro e celulares roubados na cara de todo mundo em barracas em plena rua”, diz um ex-inquilino do Shopping que tem medo de se identificar. Os camelôs são agressivos. “Já jogaram pedras no empreendimento e recentemente ameaçaram atear fogo no edifício caso a administração exigisse a presença da guarda para remover os clandestinos”, conta o síndico.

Uma jovem universitária de 20 anos conta, com exclusividade, que foi socada na cabeça por uma mendiga, quando passava pelo mesmo trecho, entre 17h e 18h. “O cenário é de abandono. Agora, tenho medo de todos os moradores de rua. Sequer troquei palavra com a agressora e ela veio me golpear”, relata ela, que não quis se identificar.

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Na esquina Uruguaiana com Vargas, pedestres têm sido assaltados ou golpeados durante o fim da tarde e horário noturno por bandidos até bem vestidos (foto: Arquivo Pessoal)

Em dias de chuva, o cheiro de urina toma conta da região, a mesma que deve ter os camelôs irregulares removidos até o fim de março pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop). De acordo com a nota da assessoria, o órgão, juntamente às forças policiais, vai programar uma “ação de ocupação da Uruguaiana para impedir a instalação de ambulantes irregulares e a ocupação ilegal de área pública, além de outras irregularidades, especialmente naquela região onde sabe-se que parte do material comercializado é oriundo de roubos e furtos.” E a rua voltará a receber o trânsito, para varrer de vez os clandestinos dali.

No local, ainda é possível observar ambulantes destemidos mesmo com o anúncio da Prefeitura de que será finalmente feita sua remoção, além de crateras no asfalto. “Todo dia, o túnel azul se forma aqui com produtos de procedência duvidosa. Quando chove, pedestre só tem a rua para passar, pois eles ocupam toda a calçada“, reclama o estudante Allan dos Santos, de 37 anos. Espera-se a remoção da camelotagem ilegal e a reabertura do trânsito durante o mês de março; até lá, a sensação de segurança segue imperando junto com a falência do comércio formal, que é fiscalizado e gera empregos.

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VIAAmanda Raiter
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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.
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2 COMENTÁRIOS

  1. Se ninguém comprasse, não haveria tanto camelô no Rio de Janeiro. Salvaria os empregos do comércio que paga imposto, assina carteira e não atravanca as ruas, além de diminuir e muito o roubo de cargas. O que mais vemos hoje no Rio de Janeiro são lojas fechadas e calçadas lotadas de vendedores ambulantes. Simples assim.

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