Presidente da SuperVia diz em CPI da Alerj que furtos de materiais quadriplicou nos últimos 2 anos

A concessionária sofre com furtos de cabos e equipamentos, o que impacta diretamente a qualidade dos serviços prestados à população

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Em depoimento à CPI da ALERJ, o presidente da SuperVia declarou que o furto de materiais impacta de forma significativa os serviços prestados pela concessionária / Foto: Ale Silva/Futura Press/VEJA

O presidente da SuperVia, Antônio Carlos Sanches, participou de uma audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta segunda-feira (04/04), com o objetivo de identificar as causas das interrupções e atrasos nos serviços de trens da concessionária.

O presidente da SuperVia apresentou aos deputados, como justificativa para os transtornos enfrentados pelos usuários dos trens da empresa, os furtos de cabos e equipamentos. Segundo Sanches, somente em 2022, ocorreram 347 furtos desses materiais. Na argumentação do representante da Supervia, o número de ocorrências quase quadruplicou de 2021 para 2022.

Ainda segundo, Antônio Carlos Sanches os furtos afetam de forma direta a qualidade dos serviços prestados.

“Se fala muito sobre o furto de cabos, e muitas vezes é colocado como algo menor. Mas com o furto se interrompe a comunicação entre maquinista e centro de comando. Com isso, temos que tirar trens de circulação, aumentar o intervalo e reduzir a velocidade das composições em operação. O passageiro sente na plataforma e no trem. No dia 24 de janeiro, por exemplo, tivemos 60 metros de cabo furtados, o que ocasionou o cancelamento de 41 viagens, o atraso médio de 9 minutos em 29 viagens, deixando de transportar 98.400 usuários”, explicou o presidente da SuperVia.

O representante da concessionária adiantou que a empesa direcionou 2 equipes para repor, durante a madrugada, as peças furtadas. Uma das medidas tomadas pelo empresa para evitar furtos foi embutir parte da fiação no subsolo, com a ajuda do processo de concretagem dos mesmos. Cada quilômetro deste embutimento, segundo Sanches, teria o custo de R$ 340 mil. A aplicação do procedimento em toda a linha férrea, somente para os cabos de sinalização, custaria à concessionária aproximadamente R$ 100 milhões.

A presidente da CPI, a deputada Lucinha (PSD) criticou a qualidade do serviço ferroviário, além de questionar a atuação de órgãos fiscalizatórios:

“Vemos matérias todos os dias sobre a precariedade do sistema de trens, e quem perde emprego e chega atrasado é o trabalhador. O que faz a Agetransp, que deve auxiliar com informações? A secretaria de Transportes não apresenta estudos sobre o furto de cabos,” disse a deputada.

Já a deputada Enfermeira Rejane (PCdoB) destacou a falta de integração do poder público em suas várias frentes de atuação, incluindo Segurança Pública:

“Existe uma grande quadrilha atuando, não estamos lidando com pessoas agindo isoladamente. Precisamos tratar o processo de forma coletiva. Toda a linha férrea tem que ser monitorada, com cuidado, já que envolve áreas dominadas pela milícia e pelo tráfico. No entanto, não vemos os órgãos públicos atuarem em conjunto”, observou a Enfermeira Rejane.

O presidente da SuperVia, durante a audiência, também apresentou outro dado alarmante no cotidiano das estações de trens, onde 12 das 104 delas não contam com sistema de câmeras de segurança, fato que coloca em risco a segurança dos funcionários por conta da violência.

A falta de monitoramento nessas estações foi classificada pela assessor técnico da Secretaria de Estado de Transportes (Setrans), Álvaro Eugênio, como um fato “gravíssimo”, uma vez que demonstra a ausência da atuação do poder público no local.

“Ter estações que não estão sob controle do estado é gravíssimo. Tenho certeza de que o secretário de Transportes relata ao governador estes fatos. Trabalhamos com empenho para fazer o transporte melhor,” declarouÁlvaro Eugênio.

Sobre a ausência de câmaras de monitoramento em 12 estações de trem da SuperVia, o deputado Luiz Paulo (PSD) comentou:

“É obrigação de todas as estações de trem ter câmeras. Considero que não é possível ter um sistema de transporte estruturado que não seja visto de forma integrada com a segurança pública. Tem que ser visto de forma sistêmica. O varejo é mais difícil de combater, difícil de investigar”, observou Luiz Paulo.

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