Em poucos dias, dois carros explodiram em postos de gasolina enquanto eram abastecidos com GNV no Rio de Janeiro. Em um dos casos, ocorrido no último dia 26/07, um homem morreu. No mais recente, que aconteceu em Paciência, ninguém se feriu. As notícias assustaram muitas pessoas, sobretudo quem usa gás natural em seus veículos.
De acordo com Raphael Chede, diretor do Sindicato das Indústrias de Reparação (Sindirepa), nos dois casos, os carros possuíam irregularidades na instalação, na manutenção e na inspeção dos cilindros de gás natural.
“Infelizmente essa combinação de irregularidades ocasionou os infelizes acidentes. Sobre este ponto, convém destacar que não temos episódios desse tipo com veículos que fizeram sua instalação e manutenção em oficinas homologadas, utilizando equipamentos de origem lícita e com sua inspeção de segurança veicular em dia”.
O DIÁRIO DO RIO publicou que o cilindro de gás natural do carro que explodiu no dia 26/07, em um posto de gasolina na região do Maracanã, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, pode ter sido utilizado em outro veículo anteriormente. De acordo com informações obtidas pelo DIÁRIO, o Peugeot que acabou destroçado após a explosão foi vistoriado ano passado com outro cilindro de GNV.
Ainda segundo informações levantadas pelo DIÁRIO DO RIO, o cilindro foi instalado no carro que explodiu 10 anos depois da fabricação e, muito provavelmente, já havia sido utilizado em outros carros. Essa pratica é permitida por lei, no entanto, especialistas da área garantem que algumas pessoas e empresas estão agindo de má fé, comercializando cilindros roubados, ou até mesmo que foram incendiados, e é aí que está o perigo. Por isso, o ideal é usar um cilindro novo para ter certeza da origem e garantia de segurança.
Algumas ações do Poder Público, como o projeto de lei 5645/2022, de autoria do deputado Brazão, preocupam os especialistas.
“Esse projeto é gravíssimo. A frota fluminense usuária de GNV possui cerca de 60% dos veículos circulando de forma irregular, sendo 42% com a inspeção vencida. A lei 5645, no paragrafo único do artigo primeiro, cria deliberadamente uma validade ao CSV de forma ilegal e contraria a legislação federal, que na resolução 916 do CONTRAN deixa claro a necessidade de uma inspeção para cada licenciamento. Desta forma, a ALERJ está liberando aos usuários a facilidade de circular com a inspeção vencida, como é feito há anos e ignora a decisão do DETRAN, que tem o dever de cumprir a lei federal 9503 de 97 (Código de Trânsito Brasileiro), feita no ano passado de regularizar a cobrança”, detalha Raphael Chede.
O projeto de lei de autoria do deputado Brazão fala que o objetivo é “aperfeiçoar, racionalizando o serviço das unidades do DETRAN-RJ, já sobrecarregadas, especialmente decorrente da interrupção do agendamento, em virtude da pandemia. Os veículos rodoviários automotores, que utilizam o GNV, já passam pela inspeção anual do INMETRO”. E completa: “A referida inspeção é realizada cumprindo regramento estabelecido pelo Regulamento Técnico de Qualidade nº 37 – Inspeção de Segurança Veicular de Veículos Rodoviários Automotores com Sistema de Gás Natural do INMETRO, Lei 9503 (CTB), Resolução CONTRAN e inúmeras Portarias”.
Após as duas explosões de carros na cidade do Rio de Janeiro nos últimos dias, o Procon-RJ reuniu algumas dicas para o consumidor evitar acidentes. O órgão informou que o consumidor deve observar as regras de segurança a serem seguidas, como jamais colocar peças ou fazer a própria manutenção nas instalações do seu kit gás, sempre sair do carro enquanto está abastecendo e manter uma distância razoável do equipamento, bem como observar as condições de seu cilindro e do dispenser de GNV, verificar se há ferrugens, por exemplo.
Outra informação é quanto à pressão indicada no manômetro, que não deve passar do valor indicado pela ANP, que é de 220bar. O consumidor costuma achar que, quanto maior a pressão, mais combustível caberá em seu cilindro, porém, abastecer com uma metragem superior à capacidade do cilindro é um risco à segurança.
O Procon-RJ alertou que, caso o consumidor deseja adquirir um kit para seu veículo, deve ficar atento se o preço estiver muito abaixo do mercado. Cilindros usados podem ser comercializados, porém devem ter o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), que vai indicar que ele passou por revisão criteriosa e está apto para o uso. No site do INMETRO, podem ser localizadas as empresas credenciadas a fazer a venda do kit gás.
O Sindicato das Indústrias de Reparação afirma que o GNV é seguro e que “o importante é o usuário ter atenção desde o momento da instalação, fazer sempre em oficina homologada pelo INMETRO e de preferencia utilizar equipamentos novos, garantindo a origem do mesmo. Além disso, manter em dia a inspeção de segurança veicular anual e a requalificação (reteste) do cilindro que é feito a cada 5 anos”.