O Governo Federal estuda a possibilidade de o Aeroporto Santos Dumont (SDU), na região central do Rio de Janeiro, receber mais voos a partir de 2025.
O objetivo é flexibilizar as restrições impostas este ano ao SDU, que é administrado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), em prol do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, Zona Norte carioca, gerido, por sua vez, pela iniciativa privada (concessionária RIOgaleão).
Desde janeiro de 2024, passou a vigorar uma determinação de que o Santos Dumont operasse com uma limitação de 6,5 milhões de passageiros por ano, forçando, assim, as companhias aéreas a transferirem seus voos para o Galeão.
Em entrevista recente à ”TV Globo”, Tomé Franca, secretário de Aviação Civil, vinculado ao Ministério de Portos e Aeroportos, informou que avaliações estão sendo feitas para que a quantidade de passageiros no SDU seja ampliada sem que isso prejudique o aeroporto internacional do RJ.
”Nós estamos fazendo uma avaliação da política pública. Concluímos essa avaliação após um ciclo de 12 meses que se encerra em janeiro, e todos os resultados da medida de restrição do Santos Dumont estão sendo observados”, disse ele.
Na opinião de Tomé, o SDU tem capacidade para receber mais do que os atuais 6,5 milhões de passageiros anuais estipulados pelo Governo Federal, elevando o número, possivelmente, para entre 7 e 8 milhões. No entanto, segundo ele, critérios como o aumento na quantidade de passageiros internacionais e de transporte aéreo de carga no Galeão serão levados em consideração para a decisão ser tomada.
Críticas à ideia
Via redes sociais, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, se mostrou contrário à possibilidade do Santos Dumont voltar a receber mais voos e, com isso, o Aeroporto do Galeão acabar sendo prejudicado.
”O lobby dessa gente é um negócio inacreditável! Não acontecerá. Não bastasse o impacto no Galeão e na economia do Rio, as restrições ambientais e no trânsito da região já são motivos mais do que suficientes para normas estaduais e municipais serem aplicadas impedindo esse aumento. Além disso, sabemos que o presidente Lula tem enorme respeito pelos interesses do Rio! Não passarão”, escreveu ele.
Considerado ”braço direito” de Paes na política, o deputado federal Pedro Paulo também se manifestou contrariamente à proposta.
”Os burocratas da Secretaria de Aviação Civil e da Infraero, além de não compreenderem que o que está em jogo é estratégico para a economia fluminense e do Brasil – a viabilidade de um aeroporto internacional no Rio -, insistem em quebrarem um acordo feito pelo presidente Lula, o prefeito Eduardo Paes e o seu próprio ministro Silvio Filho. Ainda bem que Silvio, que conheço bem sua competência, capacidade técnica, visão estratégica e aguda sensibilidade política, não dará andamento a esse lobby destrutivo para o Rio”, disse.
Matéria em atualização
SDU não tem condições de receber mais do que 6,5 passageiros ao ano. Esse número não foi tirado da cartola por mágica. Ele foi fruto de um estudo feito ainda no governo Bolsonaro, que concluía que esse era o número ideal de passageiros para que SDU oferecesse conforto e eficiência ao usuário, admitindo até 9 milhões, mas sem o mesmo nível de conforto e eficiência. Contudo, como eu sempre disse em vários comentários que fiz, apesar de GIG oferecer todas as condições ao usuário (terminais grandes, pistas grandes, capacidade operacional, não fechar mesmo em dias de teto baixo, e nada disso pode ser dito de SDU), GIG permanece tendo um grande calcanhar-de-aquiles: o acesso. As vias que dão acesso ao aeroporto internacional são perigosas e estão congestionadas. Isso pode levar o usuário a perder muito tempo no deslocamento de e para o aeroporto. Além disso, o fato de serem vias perigosas também assusta quem tem de sair do aeroporto ou ir para ele. Nunca se sabe se vai haver um tiroteio ou um arrastão. A combinação dos dois fatores (saturação das vias e falta de segurança) deixa as coisas ainda mais complicadas. Mas isso é consequência do descaso das autoridades estaduais e municipais em duas áreas: segurança e mobilidade urbana. Já SDU tem acesso privilegiado. é seguro se chegar até ele via Aterro, que nunca está engarrafado. Além disso, o prefeito Eduardo Paes criou um VLT que permite que se chegue a SDU de transporte público, vindo de metrô, de trem, de navio, de ônibus (desembarcando na rodoviária). É claro que há aí pressão de outros aeroportos interessados no enfraquecimento de GIG e, mesmo de dentro do governo, já que a INFRAERO é a administradora de SDU. Com a privatização de Congonhas, a INFRAERO passou a ter em SDU a sua joia da coroa. A limitação da capacidade de SDU só trouxe prejuízos à estatal, que também administra uma série de aeroportos deficitários no Brasil. Esse desequilíbrio entre SDU e GIG já ocorreu antes em menor proporção, no governo de Rosinha Mateus, que pediu ao presidente Lula, na época, para tomar uma providência. A providência foi tomada, mas, anos depois, a situação voltaria a se repetir em proporção maior. Nova providência foi tomada (limitação de SDU a 6,5 milhões de passageiros), mas há a ameaça de voltar à situação anterior. Vamos ver se o governo do estado e a prefeitura se unem para dar combate a esse ataque.
O Santos Dumont deve ficar restrito apenas às Pontes Aereas com São Paulo e Brasília, e também a rotas pendulares com Belo Horizonte e Vitória (que não sejam trechos de rotas mais longas).
Além disso, apenas rotas regionais exclusivamente dentro da Região Sudeste (estados vizinhos), e operadas com aviões menores.
Todas as demais rotas nacionais devem sim migrar para o Galeão, e lá ficarem definitivamente.
O Galeão tem espaço e infraestrutura de sobra, sendo ainda hoje o aeroporto com maior área física do Pais, e tem todo o potencial para voltar a ser um grande hub nacional e internacional.
Basta enquadrar e expurgar os lobystas de ocasião com os seus paus-mandados, os quais infelizmente sempre aparecerão para tentar desvirtuar as coisas em favor próprio.