Gangues especializadas seguem invadindo imóveis públicos no Centro

Gangue de invasores cobra aluguel de quem mora nos imóveis. Os únicos que não pagam são mulheres grávidas e cadeirantes, usados como pretexto para suas ações criminosas

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Foto: Reprodução/Google Maps

O DIÁRIO DO RIO recebeu uma denúncia sobre invasão de imóveis. Segundo nosso leitor Leandro B., uma mulher vem organizando as invasões e usa de ameaças para cobrar taxas dos que participam. Ilegalmente, ela cobra aluguel de quem mora nos imóveis, como se fosse proprietária. Os únicos que não pagam para viver nos locais são mulheres grávidas e cadeirantes, usados sempre como justificativa para articular as invasões. Na verdade, esta população vulnerável é apenas o pretexto para uma intrincada operação que teria como objetivo a cobrança de alugueis.

Ela organiza famílias para invadir imóveis e depois cobra o aluguel dessas famílias. E sempre dá prioridade às famílias que têm crianças para comover a sociedade em busca de doações e usar para sensibilizar as autoridades quando se tem despejo“, contou.

Leandro afirma ainda que a organização conta com advogados e movimentos para defendê-los em relação aos despejos, que, até pouco tempo, estavam suspensos por uma controversa decisào do Supremo que praticamente legalizou invasões no período da pandemia. Ele relatou ainda que a mulher tem distribuído pão para moradores de rua, com a intenção de trazer e reunir mais e mais gente, com intuito de fortalecer a quadrilha de invasores e assim futuramente invadir outro imóvel. O procedimento passaria sempre por estes passos friamente calculados com objetivo de gerar renda ilegal através da instrumentalização de miseráveis.

Ainda de acordo com Leandro, o imóvel da Avenida República do Paraguai, número 1, no Centro, seria da Prefeitura, mas também estaria sendo utilizado neste esquema. O DIÁRIO entrou em contato com a Prefeitura que, através da Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento, afirmou que “o imóvel foi ocupado no período da pandemia da Covid-19 e, em função da Lei 1.216/2021 e da decisão do Supremo Tribunal Federal, a Prefeitura está impossibilitada de tomar medidas cabíveis“. Outros imóveis do Estado têm sido invadidos seguidamente, como o antigo Hotel Moderno – de propriedade da União – invadido há mais de 30 anos, e um prédio na rua da Carioca, invadido há pouco tempo por outros criminosos.

Advertisement

Outras invasões

Rua Miguel Couto, 115: Invadido. Rua Teófilo Otoni, 92. Invadido. Teófilo Otoni 98: Invadido. Teófilo Otoni 100: Invadido. Visconde de Inhaúma, 111: idem. A lista de prédios criminosamente esbulhadospelas gangues de invasores de imóveis do Centro da Cidade, só aumenta, em proporção geométrica, principalmente na região do Largo de Santa Rita, que leva o nome do centenário templo católico. Na rua Visconde de Inhaúma, o mesmo problema: os prédios arrombados pelos bandidos durante a pandemia se acumularam e segundo informações de comerciantes da região, já são dezenas. O assunto já foi tratado diversas vezes pelo DIÁRIO DO RIO, sempre com exclusividade.

Diferente do que ocorre em São Paulo, a maioria dos imóveis tomados de assalto pelas gangues que pretendem se apossar de imóveis públicos e privados são imóveis históricos e cuja arquitetura é alvo de proteção do Projeto do Corredor Cultural. Um sem número destes imóveis já se encontra ocupado por esses criminosos que muitas vezes se utilizam dos imóveis para um sem número de crimes e infrações à lei. São ferros velhos clandestinos, bocas de fumo, depósito de cargas roubadas e de mercadoria falsificada, sem contar as barracas dos ambulantes que clandestinamente atuam no centro. O descaso com que os criminosos tratam os prédios invadidos é emblema do que lhes move. Destroem suas fachadas, arrebentam seus afrescos, picham e pintam indiscriminadamente, sem qualquer tipo de intervenção das autoridades do patrimônio cultural, as mesmas autoridades que transformam em um inferno a vida do proprietário formal de imóveis históricos. Se o proprietário formal não pode, por exemplo, colocar um letreiro na fachada do imóvel histórico (tem que pôr no vão acima da porta), esses invasores podem pintar o prédio inteiro com letras garrafais e cores duvidosas, sem que nada ocorra. A lei não vale pra todos?

A “rua da invasão”, que na realidade é um trecho de diversas ruas na região, se tornou um núcleo de desordem urbana. Varais são colocados no que sobrou das calçadas; as ruas de paralelepípedos estão completamente destruídas e abandonadas pelo poder público. Trechos com muitos prédios invadidos se tornaram espaços para eventos clandestinos em que há muito consumo e venda de drogas, que por vezes vêm de endereços conhecidos há décadas pelas autoridades, que providência alguma tomam.

Para o administrador de imóveis Wilton Alves, “parece que não há nenhum tipo de autoridade visitando estes pontos. Temos diversos imóveis para alugar na região, e temos que pagar segurança particular para evitar o esbulho das propriedades de nossos clientes por estas gangues que visam conseguir a propriedade dos imóveis na marra“. Uma fonte do DIÁRIO na Polícia Civil disse que são centenas de ocorrências mensais cuja origem se dá em imóveis tomados pelos criminosos, que, por força de uma decisão sem pé nem cabeça do Supremo, sequer poderiam ser despejados durante a pandemia (mesmo que estivessem lá antes!).

As invasões são um problema recorrente na região central. O DIÁRIO já denunciou diversos casos, como o casarão na Rua dos Inválidos, no Centro, invadido em janeiro; o trecho entre ruas Miguel Couto e Visconde de Inhaúma, apelidado de ‘Rua da Invasão’; e até mesmo um imóvel na Avenida Érico Veríssimo, na Barra da Tijuca.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Gangues especializadas seguem invadindo imóveis públicos no Centro
Advertisement

6 COMENTÁRIOS

  1. Enquanto a propriedade privada não for respeitada, não haverá negócios. Sem negócios, não há renda. Sem renda, não há desenvolvimento. Sem desenvolvimento há pobreza!

  2. Na Riachuelo, no antigo prédio do INSS, prox da onde era a Sinuca da Lapa, alt do 42 aproximadamente, teve uma movimentação bem suspeita essa semana, ele era todo murado, quebraram o muro e colocaram uma porta

  3. Quero nomes!! por que ninguém dá nome aos “bois” e diz quem são os organizadores dessas invasões!!?? são verdadeiros marginais que promovem a total desordem na região!!!

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui