As aventuras sexuais de um auto-declarado “casal bi”, tema de “anúncios” rabiscados grosseiramente pelas paredes e cantarias de monumentos e prédios centenários pela região do Centro Histórico – a região conhecida como Pequena Lisboa – podem terminar com os vândalos atrás das grades. Sempre feito com a mesma grafia, em letras pretas, e sempre anunciando as possíveis proezas sexuais do ”Casal Bi” e sua líder Ana, com o celular 97509-8241, o misto de propaganda com vandalismo pode ser visto em igrejas bicentenárias, monumentos dos séculos XVII e XIX e em muitos imóveis particulares.
Os Casal do telefone se identifica como Ana e seu noivo, moradores da Zona Norte que dizem buscar homens para saciar Ana e ainda serem contemplados com “sexo oral” do rapaz. O DIÁRIO ’tomou a liberdade’ de telefonar para o número de celular dos rabiscos que ven danificando os imóveis do conjunto tombado da Praça XV para descobrir mais detalhes sobre a aparente animação do casal. Segundo Adriano Nascimento, que administra diversos imóveis na área, as pichações são quase que semanais: ”todo dia tem uma nova. Gastamos uma nota em material e mão de obra pra removê-las dos imóveis: eles não páram e agem à noite”, disse, frisando que os garranchos – que Ana nega fazer – já foram encontrados em igrejas como a Lapa dos Mercadores e monumentos.
Mas, se por trás do ‘apetite’, existir também a efetiva comprovação de autoria de mais uma pichação – com a mesma letra e telefone – bem na entrada do tricentenário Arco do Teles, na Praça XV, eles podem encerrar um de seus animados ménages com até três anos de detenção, além de multa.
Conforme já explicado pelo advogado criminalista e professor de Direito Penal Carlos Fernando Maggiolo ao DDR, pichações como a do fetiche no Arco do Teles ferem a Lei nº 13.531, que passou a incluir detenção de, no mínimo, seis meses, para crimes contra o nosso patrimônio histórico. O Arco do Telles e a Igreja dos Mercadores são tutelados pelo Iphan. A legislação enquadraria também, desde 2017, crimes contra empresas concessionárias de serviço público, como o transporte (Barcas, trem, ônibus e metrô), onde também não é raro flagrar anúncios sexuais pichados em assentos e paredes. Ao ser contatada, Ana nega que o crime tenha sido praticado por um dos dois, como também garante que o reclame não é uma divulgação de prostituição e que festas e saídas com eles não têm drogas. Interessante que Ana faz uma espécie de defesa do anúncio que alega não ter feito.
Enquanto Ana e seu parceiro buscam alguém para compartilhar momentos íntimos, o Centro Histórico, antes percorridos por reis e príncipes, e depois por executivos engravatados e corretores da antiga bolsa, tem também outros imóveis alvos de anúncios de “Casal Bi” como também de apelos para receber “Mamada Artesanal de homens”. Uma das vias com pichações, inclusive a que faz referência à dita versão “gourmetizada” do sexo oral, é a Rua do Ouvidor. O endereço teve ascensão com a chegada da Família Real ao Brasil e já abrigou as lojas mais caras do Império, sendo uma referência para estilistas franceses. Também foi a queridinha do escritor Machado de Assis, em tempos longínquos que não se utilizava o português para tratar sobre Ana e o artesão “mamador” em imóveis tombados. Hoje, é uma zona com muitos Centros Culturais, bares e restaurantes de bom nível, como o Sobrado da Cidade, o Cais do Oriente, o Capitu e o Rio Minho, entre outros. A região está passando por franca revitalização, com muitos imóveis sendo restaurados, e uma frequência crescente de turistas e passeios.
Questionada sobre ações preventivas contra este tipo de delito numa região em franca revitalização, a Subprefeitura do Centro informa que está trabalhando em parceria com os demais órgãos públicos, como a Comlurb e Conservação, para garantir a preservação de patrimônios públicos e históricos. “A Subprefeitura que está nas ruas e atenta para coibir esta prática, enfatizou o subprefeito do Centro”, Alberto Szafran, subprefeito.
Já a Secretaria Municipal de Conservação ressalta que mandará uma equipe ao Arco do Teles, a fim de fazer vistoria e tomar as providências cabíveis. O órgão ainda completa que, caso haja remoção de pichações, se restringirá ao Arco do Teles e completa que imóveis particulares são de responsabilidade dos seus proprietários. Procurada, Irmandade da Lapa dos Mercadores disse que sua equipe já removeu o vandalismo, ”com álcool” e ”jogou o pano fora”. Apropriado.
Depois dessa publicidade na véspera do feriadão o casal não terão folga. Uffa…
Ana ganhou um anúncio grátis no Diário do Rio ou ela pagou de alguma forma? kkkk
Responde aí, Bocaiuva.
nem dá para comentar…