Vândalo, pichador é filmado destruindo patrimônio na Rua São José

O fato ocorre logo após o início dos trabalhos da ARE São José, que vem fazendo limpeza e segurança suplementar na rua do Centro Histórico. As pichações haviam acabado de ser limpas e o bandido foi flagrado em vídeo

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Bandido vandaliza área no Centro do Rio (Reprodução)

Um bandido foi flagrado pichando a parede de um prédio comercial no número 20 da Rua São José, uma das importantes do Centro do Rio. O crime, praticado por um skatista, aconteceu na noite do último dia 3 de novembro, por volta das 18h45 da noite. A ação do vândalo foi registrada por câmeras de vigilância da empresa carioca Gabriel. A startup de segurança e tecnologia opera na região em parceria com empresários e com as autoridades locais.  Toda a rua São José é monitorada por câmeras, assim como a Travessa do Comércio, a ruazinha do Arco do Teles. O local acabara de ser limpo pelos agentes da ARE São José, entidade privada que suplementa os serviços de seguranca e limpeza da rua e que vem fazendo a limpeza das paredes emporcalhadas.

Vale lembrar que a Rua São José tem sido revitalizada dentro do conceito de Business Improvement District (BID), um projeto inovador em que associações de empresários se unem ao governo para reformar e melhorar áreas específicas. No contexto carioca, o BID recebeu este nome de Área de Revitalização Econômica (ARE). A ARE é uma iniciativa da Aliança Centro Rio, uma associação de proprietários de imóveis e condomínios que realiza um controle paralelo da zeladoria urbana na região central.

Segundo informações obtidas pelo DIÁRIO com um porteiro de um edifício próximo, alguns skatistas que praticam o esporte na Praça XV têm o hábito de realizar vandalismo e pichações na região, especialmente nos prédios históricos. Não por acaso, é exatamente o que se vê, na filmagem da Gabriel; com um skate debaixo do braço, o criminoso picha o muro junto à portaria de um edifício. Ao fim da peripécia, o criminoso ainda fotografa a porcaria que parece considerar sua “obra prima”.

A região tem sofrido com o resultado da ação dos vândalos: diversas das lindas fachadas coloridas de prédios na Travessa do Comércio, região que faz parte de um Conjunto Tombado Nacional – com tombamento federal – tem sido depredadas com grafites, desenhos obscenos, pichações e a colagem de adesivos com palavras de ordem e outras interferências danosas às fachadas daquele complexo tão importante para a história do Rio de Janeiro. Na semana passada, adesivos com a frase “Geme meu nome social” foram encontrados em inúmeros sobrados e postes da região. Foram todos arrancados, mas as marcas nas portas e paredes – que descascam ao serem sucessivamente atingidas pelo mau gosto alheio – ficam.

Todos estes ataques à beleza do Centro Histórico não tem segurado a abertura de novos negócios na região. A rede de bares Ximeninho – conhecida pela cerveja gelada a bom preço – adquiriu os imóveis dos antigos bares “Ao Vivo” e “Jirau”, bem na esquina da São José com a Primeiro de Março, e vai inaugurar em breve uma de suas maiores casas ali. Ao lado, uma agência do banco Unicred está para ser inaugurada. Da mesma forma, a região da Praça XV ganhou o Hop, choperia artesanal na Travessa do Comércio número 20 (especializada em jazz e rock), uma casa de Samba na Travessa do Comércio, 15, sem contar o Queerioca – espaço cultural LGBT – no número 16, e o Centro Carioca de Fotografias, no número 11, ao lado do prédio onde morou Carmen Miranda – recentemente desmoronado. Porém, o avanço do vandalismo preocupa os empreendedores. “A decisão de vir pra cá é pela beleza, pela história, e não pela depredação do patrimônio levada a termo por tanta gente pobre de espírito. Os turistas vêm aqui e ficam fascinados com as portas coloridas e fachadas coloniais“, afirma o sacristão da Igreja dos Mercadores, Amaro Leandro.

Há promessas da Prefeitura do Rio em confiscar os dois prédios que desabaram na região por falta de cuidado de seus donos, e restaurá-los – ambos caíram após abandono de décadas por seus proprietários, que além de tudo devem IPTU e multas.

Vandalismo tem prejudicado o Centro Histórico do Rio

O recente caso na Rua São José é apenas um dos muitos de depredação do patrimônio identificados no Centro do Rio. No ano passado, o DIÁRIO DO RIO denunciou um pichador que oferecia os “serviços” de um casal bi no Centro do Rio. Na ocasião, o delinquente vandalizou uma parede da Rua do Ouvidor, na esquina com a Travessa do Comércio, quase na fachada da histórica Igreja da Lapa dos Mercadores, bem tombado de 1750. Nunca mais os serviços foram oferecidos, ao menos nas paredes alheias.

Perto dali, na área do Arco do Teles, outras pichações, também divulgadas pelo DIÁRIO DO RIO, mostram o tamanho da ousadia dos criminosos. Entre elas, o anúncio (com contato de telefone) de um “Casal Bi” em busca de clientes, e também de um homem que faria o que ele classificou como “Mamadas Artesanais“. Também sumiu, depois da repecussão.

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O vândalo foi filmado em flagrante destruindo a parede de um prédio. / Foto: Reprodução da Gabriel

A região da Praça XV e do Paço Imperial, que já foram palcos de momentos históricos do Brasil, também sofrem com os ataques dos bandidos. Em 2022, a estátua do General (Manoel Luís) Osório completamente pichada. Os vagabundos rabiscaram o monumento e escreveram a expressão “+ Amor”. Antes, a obra já havia sido alvo de furtos das grades, bolas de canhão, letras, pedaços dos painéis e até da espada. As grades furtadas são insubstuíveis: foram fundidas com canhões do derrotado Paraguai, na guerra do século XIX.

O DIÁRIO DO RIO entrou em contato com a Polícia Militar para cobrar explicações, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno.

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